Zan - Fase 1

Tão interessado quanto estarrecido, James demorou vários minutos a compreender que aquilo realmente estava acontecendo.

"Uma pegadinha?", ele pensou. "Só se algum babaca realmente tivesse 100 mil pra jogar fora por uma risadinha."
Ele já havia se dado conta que a grana era oficial e verdadeira.

Mas visto que o dinheiro era real, isso significava somente uma coisa: aquele tal "Jogo da Mentira" também era real. Todos aqueles absurdos sobre capturar o dinheiro do inimigo sem preocupar-se com consequências deveria ser verdade.

Muitas perguntas surgiam incessantemente na mente de James, enquanto este pensava no que tudo aquilo significava e no que tudo aquilo implicava. Ele teria de, em termos simples, roubar o dinheiro de seus "inimigos" e tomar cuidado para que não roubassem o seu.

No momento, suas maiores dúvidas eram sobre seus "inimigos". Seriam pessoas quaisquer? Seriam eles pobres ou bem-de-vida? Talvez fossem pessoas como ele. Talvez não.

As possibilidades eram tantas e as respostas, tão intangíveis, que desistiu de pensar no tal "jogo" até que tivesse mais informações sobre o mesmo.

Infelizmente, sua casa não era um bom lugar para se guardar dinheiro e ainda que não gostasse de admitir, 100 mil dólares em notas de vinte? "Quem foi o filho da mãe que teve essa ideia?", indagava o padeiro para si mesmo, enquanto analisava o volume que a quantia ocupava. Certamente, era impossível guardar todo aquele dinheiro num único lugar, além do mais, separá-lo e dividi-lo em quantias menores era sem dúvida um jeito melhor de protegê-lo. A dúvida no momento era como e onde.

((100 mil dólares em notas de 20 ocupam o volume aproximado de 5 litros. Por isso que pôde vir dentro de uma caixa.))

James se via diante daquele pequeno problema. O dia já estava se acabando. O cansaço lhe comia a alma e a padaria abriria novamente no dia seguinte ... ou não. Os problemas de James não se resumiam somente à sua padaria, ou ao jogo, mas em como ele iria conciliar ambos os interesses. Afinal, se pretendia mesmo melhorar os negócios, não poderia abandonar simplemente e perder a freguesia. Talvez ... talvez pudesse contratar algum ajudante. Afinal, o cartão dizia claramente que o jogo teria a duração de 30 dias, assim que fosse definido um oponente.

Não sabendo como, quando, onde ou qualquer outra coisa sobre a definição de um adversário, James tomou como principal objetivo encontrar algum funcionário digno de confiança no qual podeira depositar as responsabilidades da padaria. Mais de um talvez. No dia seguinte lembraria de espalhar a palavra de que procurava por alguém.

Com seus planos em mente, bastava agora esperar pelo dia seguinte. Que surpresas aguardavam o dia vindouro?

(( Aviso de mudança de dia. Posso? ))

[Sim. Era minha intenção com o post anterior. Me desculpe por não explicitar o desejo.]

O dia amanheceu, mas antes mesmo de sair o primeiro raio de sol, James já estava de pé. Perplexo, via em sua caixa de correio o singelo cartão do Jogo da Mentira. Impossível, visto que o carteiro só passava mais tarde. Quem quer que tivesse colocado o cartão alí, não trabalhava para os correios.

Texto do cartão 4:

Nada mais que aquele nome. Onde morava? O que fazia? Afinal, quem era aquele Sidney Basil Rowland?

Naquele momento, James compreendeu por que raios lhe haviam dado um período de 30 dias para roubar dinheiro de alguém. Por o primeiro passo seria descobrir que esse alguém é.

Isso significava que ele tinha duas coisas com que se preocupar no momento: Procurar alguém para tomar conta da padaria por ele e ainda por cima ver o que ele conseguia descobrir sobre esse tal de Sidney Basil.

Por sorte, como um padeiro, ele poderia tratar de ambos os assuntos sem sair do lugar, simplesmente perguntando aos seus clientes.

Com seu plano em prática, a padaria abriu e os clientes chegavam um a um, clássicos, diários. Sentiu falta de Betty, uma mulher grávida que já beirava os nove meses, e também de Tinna, uma outra mulher que, por um acaso, ficara sabendo que engravidara.

(( Pode fazer múltiplas ações que eu adequo da melhor maneira que eu puder ... Mas no final ... ))

Então, o telefone da padaria toca!

James prontamente o telefone, enquanto pensa em que tipo de pessoa chamaria para cuidar de sua padaria.

O silêncio imperou do outro lado. Após algum tempo, o ruído intermitente indicava que a pessoa desistira da ligação.

A padaria começava a encher, chamando a atenção de James. Claro que ele tinha um ou outro funcionário, mas ele era o gerente. Ele era a peça central para aquilo funcionar.

Decidindo que no momento o melhor a fazer era tomar as rédeas da situação da padaria, para não negligenciar o negócio pelo tal jogo, James dedicou-se a tratar dos clientes, comentando com toda santa pessoa que estava à procura de um ajudante/colaborador/funcionário para trabalhar no estabelecimento, período completo, obviamente.

Aparentemente, naquele dia, pelo menos, ninguém se prontificara a tal ação. Afinal, todos já tinham seus próprios afazeres, seus próprios trabalhos. Alguns chegavam a dizer que iam ver com amigos ou se a empregada conhecia alguém. Mas solução imediata não foi encontrada.

Ao longo da manhã, mais e pessoas chegavam e saíam. A todas James apresentava sua proposta de trabalho, mas o resultado era o mesmo. Até que então uma mulher a quem perguntou fez uma expressão boa.

- Trabalhar aqui? Sério? Nossa, seria muito bom! Eu moro aqui perto e estou ... bem, estou grávida. Espero que não seja problemas. Um dinheiro extra ajudaria nas despesas que estão por vir.

Apesar de dizer que estava grávida, ela ainda não tinha barriga avantajada. Deveria estar no início da gestação.

- Por sinal, meu nome é Tinna.

(( Como você vai se apresentar a ela? ))

- Que bom que tem interesse! - James sorriu genuinamente, estava começando a achar que não conseguiria ninguém para trabalhar ali. - Eu sou James, dono deste estabelecimento, então não se preocupe, não é problema nenhum que esteja grávida. Quando você preferiria discutir os detalhes do emprego, Tinna?

A mulher parecia bem feliz, ainda mais induzida pelo sorriso de James.

- Ah ... agora mesmo. Meu noivo saiu e não tenho que voltar para casa tão cedo.

Respondeu ela sorrindo igualmente. Ela estava à disposição de James.

- Então, primeiramente vou explicar um pouco da situação: Normalmente eu consego cuidar da gerência da padaria sozinho, e de tratar da venda e preparação dos produtos com a ajuda de alguns poucos funcionários, como o Mário e a Regina - explicou James, apontando para uma mulher no caixa em um homem que cuidava dos fornos e vendas. - A questão é que surgiu uma atividade de extrema importância para mim fora daqui e provavelmente não sobrará tempo suficiente para mim gerenciar os negócios como de costume.

O padeiro fez um sinal para que ela o seguisse para uma sala atrás do balcão, enquanto continuava a falar.

- O que eu estou procurando é alguém que possa cuidar da matemárica básica, ver quanto entra e quanto sai do caixa, e que possa ajudar no atendimento aos cliente. Se você pudesse fazer isso, já aliviaria infinitamente o peso da responsabilidade nas minhas costas. Sobretudo, o salário como gerente que tenho à oferecer é razoável: minha oferta incial é de um salário mínimo e meio. Caso ache isso muito pouco, podemos discutir um valor que agrade a ambos os lados.

A mulher fazia sempre cara de satisfeita enquanto escutava James, mas quando ele tocou no valor do salário, ela não pareceu tão satisfeita assim.

- Bom, para falar a verdade, eu estava em mente com algo em torno de 800 a 900, ou dois salários. Agora, sobre minhas qualificações, tenho apenas o ensino médio, mas cursei ele muito bem com boas notas. Lhe garanto que para as atividades propostas você não terá dor de cabeça.

Ela então voltava a se animar. Ela estava grávida, e ia conseguir um emprego. Era um milagre aquilo.

- Não vejo problema com aumentar seu salário, dois salários me parece um bom negócio. E não se preocupe com o grau de instrução, se você fez um bom ensino médio já tem muito mais do que preciso. - James sorriu, ao ver o interesse da moça, ainda mais vendo sua confiança. - Bom saber que confia em si mesma, é uma qualidade rara nos dias de hoje. E quanto ao horário de trabalho, você tem alguma limitação? Eu estava precisando de alguém em período integral, das nove às cinco, com direito à uma hora para o almoço, mas estou aberto à flexões, caso ncessário.

- Nove às cinco?

Perguntou Tinna, como que surpresa com o horário.

- Na verdade, eu estava imaginando começar às 6 ou 7 da manhã. Sempre tem gente querendo pão esse horário, né.

Completou, elucidando o porquê de sua surpresa. A mulher parecia mesmo muito satisfeita com a oportunidade. De fato, por estar grávida e desempregada, ela não via possibilidades de conseguir um emprego tão cedo.

(( Que fim você deu ao dinheiro? Onde largou ele ou onde escondeu? Eu não lembro se você disse algo a respeito ^_^ ))

- Bom, o restante dos funcionários começa o expediente às oito, visto que a clientela durante o período entre às seis e as oito é pequena, eu consigo dar conta sozinho. Mas se não vê problema, seria de extrema ajuda caso começasse o serviço às sete horas...

A felicidade não se limitava à Tinna, James também estava extremamente feliz por encontrar uma funcionário de tais qualificações tão facilmente. Tudo o que restava era saber se era digna de confiança, mas isso só descobriria com o tempo.

Ainda tinha dúvidas de onde guardaria todo aquele dinheiro que recebera. O melhor jeito, com certeza, era dividir a quantia em pare menores e escodê-las separadamente, mas não sabia exatamente como. No momento, James havia simplesmente divido a quantia em montes menores e espalhado pela sua casa, em lugares de difícil acesso comum, como seu banheiro, seu quarto e etc.. Pretendia, sobretudo, mover a grana para algum local mais seguro assim que conseguisse imaginar um.

- Está certo. Estarei aqui às sete da manhã então. Apenas ... gostaria que me acompanhasse durante o primeiro dia de trabalho. Só para eu pegar o jeito de como você gosta que sejam feitas as coisas por aqui.

Tinna sorria bastante e arrumava seu cabelo com os dedos. Ela era uma mulher bonita, bem bonita pra falar a verdade. E, talvez fosse a gravidez, mas seus seios eram de tirar um do sério!

- Certamente, creio que poderei fazer este esforço. Também será uma boa oportunidade para apresentá-la ao restante dos funcionários. - James, como um homem, não conseguia restringir totalmente o interesse e estímulo corporal costumário, mas também tinha fortemente forjada em sua mente uma ética, moral e conduta hierárquica de patrão e empregado que impedia passivamente sua mente de divagar sobre a beleza de Tinna. - Vejo você amanhã então. Ah, só mais uma coisa, não tem a ver com o serviço em questão, é só uma pergunta... VocÊ por acaso conheçe alguém chamado Sidney Basil...?

A mulher fez uma cara de pura surpresa! Ou seria espando? Mas logo suas feições suavizaram.

- Claro que conheço. Ele é um grande artista plástico ... e meu noivo. Mas, por que o interesse? É por causa da próxima mostra cultural?

O sorriso estava de volta ao rosto da mulher, que novamente se mostrara interessada em continuar a conversa.

- É, é que ouvi um dia desses de um cliente meu que um tal de Sidney Basil era seu maior ídolo, mas não tive chances de saber mais. Acabei me interessando, mas você foi a primeira pessoa que conhecia ele, acredita? E ainda por cima é a noiva dele! Mas que coincidência! - James espantou-se com tal coincidência. Milagre? Destino? Sorte? Tina dúvidas sobre como chamar aquela situação, mas tinha certeza que todo o cuidado que tomasse seria pouco. - Que amostra cultural é essa que você mencionou?

- Estranho isso. Quem seria este super-fã? Sid está a pouco tempo ganhando uma certa fama. Ainda não é nada grande. Apenas um nome ganhando destaque na cidade. E a amostra vai ser uma exposição das peças de arte dele. Ele é escultor e precisamos vender algumas coisas para preparar a casa para o bebê.

Dizia ela, eternamente feliz com a situação. Ela acariciava a barriga enquanto falava, apesar de ainda não haver volume.

- Mas ainda não tem data marcada. Na verdade, estamos aguardando uns telefonemas de agentes e agenciadores. Os donos dos ateliês, sabe? Os caras que não sabem fazer um O com um copo, mas que acabam sendo os donos da verdade no mundo da arte. Isso pra mim é muito estranho. Nunca gostei muito disso.

Ela então olha o relógio e se espanta.

- Nossa! Já está tarde. Tenho que levar o pão para casa e preparar logo a comida. Tem mais alguma coisa que o senhor queira tratar comigo?

Perguntou por fim, ansiosa por ir embora. Se James não tinha mais nada a acrescentar, ela sairia.