"Entre você e eu?" - Barabbas [Cap. Final]

- Não Frederick ... só você foge da luta! Tudo teria terminado bem lá no escritório não fosse o seu momento frangote.

Barabbas já estava até a cintura numa piscina de merda! O melhor que ele tinha a fazer é fechar os olhos e se divertir um belo mergulho. Afinal, quem está no inferno abraça o diabo.

(( Tem alguma forma de aumentar a minha defesa? Digo, vale a pena? Porque se não vale a pena, melhor seguir agindo normalmente ... ))

[Se você se concetrar apensa em sobreviver, desviando dos ataques desferidos, posso considerar isso uma manobra, e impor mais penalidade sobre os ataques de Frederick. Mas você teria que abrir mão de atacá-lo. Como uma "Defesa Total" de outros sistemas. Se bobear, isso também existe no manual de nWoD, mas não sei e não estou com ele aqui agora para ver. Se você estava se referindo à defesa como "armadura", não, creio que não haja, a menos que você bole alguma coisa interpretativamente que seja plausível.]

- Que bom que acha isso, vejamos que foge depois que eu acabar de uma vez por todas com você! - ele bradou irado, sua pele queimada, em alguns trechos, ao ponto de expor sua gordura, seus músculos ou até seus ossos. - Depois terminarei com a vida daquela formiga traidora que um dia chamei de filha.

Dito isso, ele avançou contra Barabbas, tentando atingir o homem com um poderoso soco descente, e esmagá-lo contra o concreto que recobria o chão. Por sorte, o tempo de reação de Christ aparentemente estava ainda melhor devido à dor e à adrenalina, ele conseguiu desviar do golpe por completo.

(( Se não me engano, o bônus dessa defesa total é muito baixo. Acho que o melhor a fazer é revidar cada ataque. Ao menos o inimigo também estará sofrendo dano. E a vida dele não deve ser tão infinita assim ... eu espero O.o ))

- Respeito é algo que aparentemente sempre faltou à sua família, começando pelo chefe! - Respondeu Barabbas à altura. O homem já havia matado várias pessoas, mas tinha um certo código de conduta pessoal. Algo bem contraditório, diga-se de passagem.

Aproveitando da situação, vendo que seu inimigo tinha apenas um braço para atacar, Barabbas decidiu-se por dar continuidade à sua tentativa inicial. Cortar a mobilidade do inimigo. Aproveitando que já se encontrava no lugar certo, se derrubasse Frederick ali, as chances da estátua cair sobre ele eram maiores. Então, usando mais ainda do seu potencial interior, Barabbas desferiu mas um golpe contra a perna do homem, na tentativa de amputar o membro anterior mente lesionado e atualmente queimado.

(( Gaste mais força de vontade ... e me diz quanto eu ainda tenho XD ))

[Você tinha dois pontos de FdV. Gastou um agora, sobrou um.]

Barabbas aproveita da situação e, se lança contra o oponente, desferindo mais um poderoso golpe na já ferida perna de Frederick. A lâmina mergulhou na carne morta do ser, cortando-a até atingir o osso.

Numa rápida resposta, Frederick deu um forte tapa em Barabbas, lançando-o alguns metros para longe, caído no chão. [4 de dano contundente]

Com uma forte dor no peito, sem conseguir respirar, a dor das queimaduras unida à causada pelo golpe, o ardor do próprio vento que batia em sua pele queimada, Christ demorou a perceber qual o verdadeiro problema: seu cutelo havia ficado preso à perna de Frederick.

No entanto, ele parecia não ter notado: caminhava lentamente na direção de Barabbas, como se planejasse dar o golpe final.

Caído de costas, podia ver o céu que clareava. Uma mistura dos tons escuros que predominavam na noite com as luzes que o sol e o dia traziam dava certa poeticidade àquela visão. A proximidade que tinha da morte também tornova tudo mais belo. Quando a apreciação do céu foi interrompida por uma movimentação no telhado da casa: Dahlia já havia alcançado a tal estátua.

Não sabia se Frederick havia realmente demorado tanto para encontrá-lo ou se Dahlia fora mais rápida que o previsto. O negócio agora era acertar a arma, o único tiro que tinham, em cheio no alvo.

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Situação:
3 pontos de dano Letal, 7 pontos de dano Contundente

Christ chegou a sorrir ao ver a silhueta de Dahlia no telhado.

- Agnes Dei ...

Murmurou entre seus dentes sujos de sangue e outras porcarias indizíveis. As dores pareciam competir em seu corpo para ver quem levava primeiro o homem à loucura. Inocentes, claro, pois as dores não sabiam que Barabbas já era louco. Afinal, quem via o mundo através de um espelho quebrade, de cabeça para baixo?

A visão de Dahlia logo fora encoberta pela de Frederick que caminhava lentamente na sua direção. O velho não perdera a perna. Maldito ... ainda podia andar. Se ao menos ... se ... Mas aquele momento não dava espaço para nenhum 'se'. Estratégia? Barabbas estava sem nenhuma. Ele também não sabia exatamente onde Frederick deveria ser posicionado para que a estátua o atingisse em cheio. Além do mais, sua própria mobilidade estava afetada, devido ao somatório de ferimentos pelo corpo todo.

E em situações de desespero, o melhor a fazer era manter a calma, retornando ao estado original básico. Passo a passo, ele resolveria o problema (ou morreria tentando). Primeiro de tudo, sacou do bolso a faca que tinha achado no corpo do guarda, lá atrás no hospital em que acordara. Em segundo lugar, procuraria estabelecer um ponto de impacto bom o suficiente para tentar arrastar Frederick para lá. Esta seria a estratégia. Se daria certo, apenas o tempo diria.

Com uma nova arma em mãos, mais para poder depositar suas esperanças e sentir a segurança que só a auto-defesa pode proporcionar do que para real combate, Barabbas arrastou-se lentamente, com toda a força que restara em seu corpo debilitado, exercitando toda sua mobilidade restante, para longe, a fim de posicionar o inimigo num ponto ideal para o golpe de misericórdia.

O inimigo se aproximou a velocidade estável, parecendo sequer notar que havia um cutelo preso à sua perna. Chegou ao lado de Barabbas e, vendo a arma em sua mão, resolveu exercer um pouco de seu sadismo ali, aproveitando o estado moribundo de seu oponente.

- Ah, então você pretende me matar com isso aí? - Ele disse, sarcático, rindo. - Por que não tentar, seria interessante!

Barabbas riu consigo mesmo, diante da provocação de Frederick.

- Ha ... matar você ... só se fosse com uma chuva de pedras!

Exclamou em voz alta, mesmo com dificuldade e tossindo no final. Exigia dos pulmões danificados mais do que estes poderiam fornecer. Esperava que Dahlia entendesse a deixa e derrubasse a estátua. E ele próprio não agiria, mas esperaria o momento certo de tentar esquivar da estátua.

- Não vai tentar acabar comigo, eu acabo com você! - Ele deu um forte tapa na mão de Barabbas, arremessando a faca que este empunhava longe.

Christ olhou para cima: Dahlai compreendera a mensagem e empurrava a estátua com toda sua força. No entanto, o movimento que ela gerava na peça de pedra era pequeno.

Só faltava aquela. Dahlia não era forte o suficiente para empurrar a estátua. Ou talvez estivesse tentando empurrar do jeito errado. Se ela empurrasse por cima, o movimento seria bem mais fácil. Era como empurrar uma porta. Quanto mais longe da dobraciça, menos força seria necessária.

Uma vez mais sem arma, Barabbas se viu em uma errascada. Mas seu temperamento calmo sempre o ajudava a pensar. Quisera ele poder ganhar aquela luta apenas pensando. Sua mão direita então escorregou para o bolso e pegou sua última lâmina: o bisturi. Ele sorriu ao olhar a lâmina.

- Aquelas não eram minhas armas ... esta é ...

E então subiu o olhar para o monstro a sua frente. Seu sorriso torto e sádico de volta ao rosto. Era hora de brincar de médico.

- Sabe, gigantes se derrubam é pela cabeça!

Gritou, mais para Dahlia entender o código do que para a conversa com Frederick. E, após a fala, desferiu seu ataque com o que lhe restara de força de vontade, mirando o olho de seu inimigo. Rezava para dar certo, com a graça de deus (ou do diabo).

Barabbas lançou, com toda sua força, uma última investida contra Frederick. O bisturi afundou-e no olho do homem, perfurando oo globo, fazendo seu conteúdo vazar para fora. Num ímpeto de raiva, o gigante monstruoso agarrou o homem que lhe atacava pelo braços e lançou longe.

Caído de costas à alguns bons metros, Christ lutava para manter-se consciente e, assim, vivo. Seus olhos tentavam fechar-se, enquanto ele tentava manter suas pálpebras abertas. Por meio da escuridão, podia somente ver a sombra de Frederick se aproximando rapidamente.

Abriu os olhos. Viu tudo basicamente em câmera lenta: o monstro colocou um pé no chão, em seguida o outro, preparando-se para dar uma investida final contra Barabbas. Colocou todos seu peso na perna esquerda, esticou-a...

Seus músculos arrebentaram, seus ossos trincaram-se e quebraram-se em cacos, seus nervos, estrouraram como elásticos, sua pele, ou oque restara dela, rasgou-se, a cartilagem que conectava sua canela com seu fêmur, caiu. Em um instante, viu a perna de Frederick soltar-se do resto do corpo. A expressão de desolação e incompreensão do que acontecia estampada na face do ser era de tal forma inusitada e inesperada que Barabbas não poderia evitar sua apreciação. Com a falha repentina de sua perna, o restante do corpo caiu seco no chão, de barriga para baixo.

Ouviram um barulho vindo de cima. Era uma grande estátua de mármore maciço que chovia dos céus como punição divina, caindo diretamente sobre o corpo impotentemente caído de Frederick. Mesmo durante a rápida queda do obejto, Barabbas reconheceu a escultura como sendo uma representação em mármore da figura da liberdade de Delacroix, segurando avante seu estandarte e um rifle. A pedra atravessou o peito do homem e, com força imensurável, esmagou a totalidade de seu corpo, incluindo o crânio e tudo que ali dentro houvesse, contra o sólido concreto. Sobretudo, provando a qualidade da peça, a estátua em si pouco feriu-se, pelo que poderia ver, somente a ponte do estandarte empunhado pela Liberdade quebrara.

Acabara de acontecer. Frederick havia sido morto.

(( Cara ... acabei de escrever um texto inteiro e a porcaria simplesmente desapareceu =/ Vou tentar reescrever =/ ))

Barabbas continuava sorrindo por diversos motivos. Sorria porque conseguira ter o prazer de acertar o olho de Frederick. Sorria porque a perna do monstro finalmente ruíra. Sorria porque pôde presenciar a morte definitiva de um corpo morto-vivo. Sorria porque sabia que havia sido Dahlia, a própria filha de Frederick, quem dera cabo dele. Sorria também pela inércia, porque já estava sorrindo antes e era menos cansativo continuar sorrindo do que alterar todo um conjunto de músculos para mudar a expressão. Sim, Barabbas chegar a tal nível de exaustão mental, física e espiritual. Estava, em uma palavra, vazio.

Sorrindo, arrastou-se, com toda a dificuldade do mundo, até o corpo de Frederick. Retirou o bisturi do que sobrara do inimigo e guardara no bolso.

Por fim, fez a única coisa que lhe restara fazer, o mesmo que provavelmente fizera antes de tudo começar, antes de acordar naquela sala de hospital. Barabbas fechou o olho e dormiu. Não era exatamente um sono, mas uma espécie de transe, de meditação. Refugiara-se no interior mais profundo e vaziu de sua mente. Estava novamente só, tendo compania apenas a presença imponente da grandiosa cruz carregando o corpo morto de cristo. Aquela imagem era a única coisa capaz de lhe trazer paz verdadeira. Afinal, aquilo era prova de que mesmo o ser mais perfeito que já existiu um dia morreu.

Barabbas acordou com o sol batendo forte em seu rosto. Abriu os olhos e se viu num quarto conhecido.

Estava na cama de Frederick.

- Está acordado, Christ? - Ouviu uma voz igualmente familiar. Era Dahlia, que sentava ao lado da cama, com um livro que aparentava ser um diário em suas mãos. - Que bom que acordou, estava começando a ficar preocupada.

Sentiu algo estranho em sua pele: pano? Exatamente, estava recoberto de ataduras. Logo compreendeu. As queimaduras foram realmente mais graves do que pensou que eram à princípio. Seu corpo inteiro o incomodava, mas não doía.

- Como estão seus machucados? Nós tratamos da maioria, mas não sei se está bom. Você está conseguindo falar?

Barabbas olhou para Dahlia com um pouco de dificuldade. O corpo não lhe doía mais, mas ainda incomodava e aquilo significava que não estava apto a receber sua recompensa, se é que Dahlia ia mesmo cumprir com a palavra dela. Mesmo assim, Barabbas fez um esforço a mais e sorriu para a garota.

- Você continua linda ...

E não terminou. Limitou-se a essas palavras e a examinar (ao menos o que podia), o ambiente. Estariam a sós? Como ela o levara até o quarto? Quanto tempo havia se passado? Eram muitas perguntas. Contudo, Barabbas queria ficar novinho em folha. Voltou a fechar os olhos, mas não dormiu. Esperava apenas ouvir as palavras de Dahlia.

Naquele quarto haviam somente os dois, mas considerando a arrumação do local e a maneira como as feridas de Barabbas estavam bem tratadas e seu corpo estava limpo, ele chegou à conclusão que ela não fizera tudo sozinha enquanto ele estivera desacordado.

Ouviu, na escuridão de suas próprias pálpebras, a voz da jovem.

- Passaram-se poucas horas, mas sinto como se fizessem anos que Frederick se foi de uma vez por todas. Havia tempo que não me sentia assim tão... livre. - A voz dela chegava morna e terna aos ouvidos do homem. - O nome da família agora é meu, não mais de meu pai. Como a única herdeira viva, levarei isto a diante. Obrigada, Christ. Nada disto seria possível sem você.

Neste momento, a porta se abriu, e o homem notou uma segunda voz feminina, mas não reconheceu-a.

- Senhorita, gostaria que preparássemos alguma refeição em especial para o senhor Christ?

- Ah, sim. - Ela pensou por alguns instantes, refletindo em silêncio. - fça uma sopa, sim? Algo que não lhe dê trabalho para comer.

- Sim, senhorita.

Ouviu a porta se fechar. Aparentemente estavam novamente à sós.

- Aquela era a Catarina. Ela me ajudou a cuidar de você enquanto esteve desacordado.

Barabbas manteve os olhos fechados. Mantinha também uma feição suave na face, algo que refletisse paz.

- Fico feliz por você, Dahlia. Sabe quanto tempo ficarei nesta condição?

Perguntou, referindo-se aos ferimentos. Sua vontade era de levantar e fazer o que lhe desse na telha. Não gostava de ficar muito tempo preso a nada. Isso lhe remetia a momentos de seu passado bem ruins.

- Tudo depende de você, Barabbas. - ela disse, com firmeza. - O doutor disse que você já pode andar normalmente, doerá um pouco, mas não há problema. Já a sensação incômoda da sua pele queimada te acompanhará pelo resto de sua vida. E... o seu rosto...

Ela ficou cabisbaixa. A face de Barabbas estava completamente enfaixada, exceto por seus olhos e seu nariz, e, por baixo, sentia que não havia mais pele entre sua carne a o exterior. As chamas haviam devorado tudo.

- O doutor disse que talvez uma cirurgia plástica resolveria, mas não acho que você seria o tipo de pessoa que se deixaria atingir por algo assim. Você está num nível superior à isso, não é?

Ela pareceu ter algo a dizer, que não estava colocando para fora. Ela olhava christ nos olhos, mas logo deviava o olhar, envergonhada.

- Entendo ...

Não, Barabbas nunca fora do tipo vaidoso. Não ficava se olhando no espelho, se preocupando com o cabelo ou coisas do tipo. Contudo, ainda assim uma aparência monstruosa o atrapalharia. Seu modus operandi seria terrivelmente afetado por aquilo. Barabbas só não sabia se era para melhor ou para pior.

- Não precisa desviar o olhar. Você ...

Barabbas interrompeu o que ia falar por um instante, antes de seguir.

- ... eu te liberto do nosso compromisso.

A decisão viera de última hora. Ela não olhava para ele. Qual a graça se ela não olhava para ele? Barabbas precisaria pensar. Precisaria de mais tempo. Precisava descansar. Voltou a fechar os olhos e perguntou por fim, mudando o assunto.

- Como está a cidade?

- Christ.

A voz dela saiu firme. Ela começou a falar, ignorando as últimas palavras do homem. Olhava diretamente nos olhos dele.

- Fique aqui. Conosco. Torne-se parte da família Frederick. Comigo.

- Você me quer tanto assim?

Barabbas olhou fundo nos olhos da mulher depois de perguntar. Ele chegou mais para o lado da cama, abrindo espaço para que ela se deitasse. Eram os primeiros movimentos que ele tentava. Doía horrores, agora que já não tinha mais adrenalina.

- Venha ... - chamou com a voz suave - ... deite aqui comigo.

- Christ... Você foi o primeiro homem que me viu como eu sou.

Ela respondeu ao chamado deitando-se, num movimento lento, ao lado de Barabbas.

Barabbas nada fez naquele momento. Ele apenas queria que ela ficasse do seu lado. Queria sentir o seu cheiro. E era bom. Fechou os olhos por alguns instantes e, sorrindo, comentou.

- Que pena que as pesquisas de seu pai não evoluíram para resolver problemas como esse ...

Disse referindo-se à própria condição. Aquilo estava atrapalhando por demais os seus planos. Aliás, já nem tinha mais planos!

A jovem jogou um braço por cima do homem e passou o outro por trás de sua cabeça, abrançando-o. Ali dormiu, serena, como uma criança.

E foi assim, entre os braço de uma jovem que acabara de conhecer e recoberto por queimaduras e ferimentos graves, que a crônica de Barabbas e sua história em New Crow chegou ao fim.


[Crônica - New Crow - Barabbas]