Informação Necessária [Sigfried]

- Mercenários? - disse,em voz lenta e calma, a velha. - Se quer saber sobre mercenários, devia procurar a guarda.

- Isso é verdade, - comentou Linna. - O capitão deve saber de tudo sobre os mercenários da rigão. Ouvi dizer que há um grupo fazendo massacras aí fora. No mínimo eles não tem coragem de entrar pelos portões da cidade. A guarda de Rahkburg é forte.

Grohtal serviu-se de suco e frutas, que não eram comuns nas regiões onde os orcs viviam.
Durante suas viagens, Grohtal pode perceber que os orcs realmente viviam em terras pouco ferteis e muitas vezes desoladas. Ouvira em uma epoca que a desunião das tribos os impediu de combater os humanos e eles perderam muitas terras.
Mas a força que provinha da união entre os humanos era fria e maldosa, como ele teve oportunidade de ver muitas vezes.

- Eu devo desculpas pelas minha palavras ontem a noite. - Grohtal disse, abaixando a cabeça - É verdade que eu carrego o odio ensinado pelos meus ancestrais, mas em minha vida, nenhum elfo desejou mal a minha tribo. Entretanto, já tivemos muitos problemas com humanos. Mas isso não tem relação com vocês, e eu sinto muito por minhas palavras pouco cordiais.

- Esqueça isso, Grothal. - Disse a jovem, comendo mais uma daquela frutas vermelhas suculentas. Deveriam estar gostosas, ou a elfa simplesmente nutria algum apreço ao sabor das mesmas. - Não se preocupe, eu entendo de onde vem esse ódio. As pessoas normalmente são extremamente racistas quando se trata de orcs ou drows.

- Eu agradeço a hospitalidade, mas preciso encontrar a guarda da cidade. Parece que estão interessados em ajuda para confrontar os mercenarios. Podem ter informações uteis para mim.

- Ah, não foi nada. - Disse, a velhinha, sorrindo. - Preparei um bolo para você levar consigo, espero que goste.

Com isso, Linna se levantou e pegou uma trouxinha de pano numa mesa pequena próxima.

- Você sabe como chegar ao posto da guarda? Eu posso te indicar o caminho, fiz o mesmo à um anão hoje de manhã. - com isso, ela, entregando o bolo ao orc, descreveu o caminho que ele deveria fazer para chegar à central da guarda de Rahkburg.

Grohtal agradeceu o bolo e a informação e rumou para o posto da guarda, lembrando de cobrir seu rosto para andar nas ruas da cidade.

O orc logo chegou ao lugar. era um construção de pedra anexada ao muro da cidade. Um grande portão se erguia à sua frente, um guarda vigiava-o. Um sujeito encapuzado assim como o próprio Grothal conversava algo com o guarda.

Aproximou-se dos dois e nouto também a chegada simultânea de um juban no local. O vigia olhou para os dois recém-chegados e indagou:

- Vocês também desejam falar com o capitão sobre a expedição de caça aos mercenários?

- Sim. - respondeu Grohtal, alto e claro, mas tambem de forma curta e direta.

- Desculpe-me a intromissão, senhor, mas estou aqui para ver o capitão também. Vejo que sua presença está sendo muito requisitada para tratar de um mesmo assunto. Ele poderia nos dar uma audiência coletiva? - disse o juban, demonstrado modos.

- Sim, o capitão nos deu ordens expressas para guiar até ele qualquer interessado na expedição. Sigam este homem, - com isso, ele fez um sinal com a mão e os portões se abriram. No interior, um guarda estava ali, em pé. - ele os levará até o capitão.

O soldado fez uma breve mesura para os visitantes.

- Sigam-me.

Grohtal seguiu o soldado em silencio.
Ele observou os outros interessados na expedição, a fim de analisa-los e compreender melhor quem eram e o quão capazes podiam ser, afinal, era provavael que ele agisse em conjunto com esses homens.

O juban era aparantemente um guerreiro poderoso, pelo porte com o qual caminhava. Já a outra pessoa, não fazia a menor idéia: ela se escondia de forma semelhante à Grothal, impedindo que visse quem ou sequer oque ele era.

Chegaram à uma porta de madeira, na qual o guarda bateu.

"Podem entrar!", disse uma voz, convidando-os ao interior.

Ao entrarem, o orc viu duas pessoas, um anão e um humano. O humano interpelou:

- Sentem-se, por favor. - Cordial, ele cumprimentou-os de forma expressa. - Sou o capitão da guarda, Isirtonn. Em alguns instantes passarei um resumo do que tenho em mente para a expedição, creio que todos saibam do que se trata...?

- Sei que se trata de uma expedição para confrontar os mercenarios que tem causado problemas na região.

O capitão, em resposta, aproximou-se da mesa, sobre a qual estava estendido um grande mapa da região, com Rahkburg representada num canto. Apontou para o mesmo.

-A nossa cidade sempre foi muita amiga dos vilarejos e povoados vizinhos, independentemente de raça. - Ele passou a mão, indicando no mapa diversos vilarejos nas redondezas. - Mantivemos uma postura pacífica e amigável, estimulando comércio conosco e entre elas também. Mas estas cidades menores sempre foram alvo de mercenários e bandidos em geral, oque engedrou a necessidade para a guarda de Rahkburg de oferecer proteção e segurança tanto às cidade quanto às rotas de viagem.

Neste momento, a porta se abriu e mais um cara encapuzado entrou no recinto, juntamente com outros quatro guerreiros, um dos quais era elfo, mas estes ficaram todos em silêncio. O capitão prosseguiu com a explicação, enquanto olhava para o indivíduo encapuzado com um olhar suspeito: o mesmo que observara Grothal com.

- Recentemente, um forte grupo mercenário surgiu, sem aviso prévio. Eles se auto-denominam os "Filhos do Escorpião". Sozinhos, já eram ameaça grande, mas, há cerca de uma semana, fizeram um aliança com uma tribo orc conheçida como Mantchägar e, juntos, têm saqueado e destruído mais do qualquer outro grupo de foras-da-lei de que temos registro. Para piorar nossa situação, - ele tinha pequenas peçinhas de madeira maciça que aparentemente representavam soldados, espalhadas por cima do mapa. - nosso contingente de soldados armados está ridiculamente baixo, com o número reduzido de recrutas que estamos recebendo. Por isso, fui forçado a fazer uma oferta à pessoas como vocês, guerreiros capazese audazes, que poderiam nos dar usa força de combate em troca de um bom pagamento.

Grohtal tenta se recordar se o nome Mantchägar lhe dizia algo. Conheia essa tribo? O que sabia sobre eles? Teriam relação com o sumiço de seu irmão?

De mais, iria esperar para ouvir mais sobre as condições do trabalho.

Ah, claro que Grothal lembrava daquele nome. Dos dialetos antigos da linguagem orc, Mantchägar, os caçadores de gente. Assim como o nome indica, eles eram conhecido entre os próprios orcs por não terem um pingo de respeito por seus oponentes derrotados, e uma veneração pelos mais fortes. era estranho, contudo, ouvir de uma aliança com humanos, visto que eram uma tribo extremamente orgulhosa. Não fazia idéia se isso tudo teria algo a ver com seu irmão ou não, no fim das contas.

- Você citou os Mantchägar, então não preciso nem mesmo explicar os motivos que me trouxera, até aqui. Já tens o meu mangual ao seu lado Capitão! - explicitou o anão sentado à mesa.

- Sinto-me honrado em ter vossa colaboração, senhor Bigorna-de-Prata. - sorriu o capitão.

- De quanto estamos falando? - indagou, aparentemente ganancioso, um dos homens encapuzados.

- Eu estava pensando em oferecer cerca de duzentas peças de ouro para cada um de vocês, metade antes, metade após a conclusão do trabalho. Mas visto como a vida de vocês estará muito mais arriscada que em missões mercenárias comuns, além de grande desvantagem numérica, creio que trezentas peças de ouro é um bom valor.

O juban interrompeu a proposta com uma de suas próprias:

- Acredito que os bons constumes dizem que devemos retirar o chapéu e baixar os capuzes dentro de ambientes fechados. Não estamos em uma caverna, e acredito sermos todos homens de bem. Não vejo necessidade para esconder o rosto neste recinto.

O capitão olhou para o juban com um olhar um tanto surpreso, sorriu e logo completou:

- Creio que nosso companheiro tenha razão. Se vão lutar lado-a-lado no campo de batalha, depositarão suas vidas nas mãos um do outro. Para isso, é necessária confiança, e este não pode surgir quando não se conheçe sequer o rosto dos que lutam ao seu lado. - ele sinalizou para Grothal e os outros homens encapuzados. - Peço que abaixem seus capuzes e apresentem-se. Não forçarei ninguém a tal, caso queiram preservar vossa identidade. Não permitirei qualquer tipo de chacota nesta sala, então não há razões para a vergonha.

- Hah. - resmungou Grohtal, baixando o capuz e revelando sua aparencia.
Grohtal não tinha nenhum motivo para ter vergonha de sua aparencia, ele até tinha orgulho de seu fisico que deixava claro como era forte.
- De onde vieram os "Filhos do Escorpião"? Norte? Sul? - ele perguntou, inquieto.
Se tivessem vindo da mesma direção que ele, poderiam ser mesmo quem ele procurava.

Grothal logo abaixou seu capuz, revelando sua face e feições orcs. O capitão nada disse no momento, apensa sinalizou positivamente com a cabeça, olhando diretamente em seus olhos, ocmo se aprovasse sua atitude. Então, o orc fez sua pergunta, e o homem respondeu:

- Não sabemos disto ainda, meu senhor. Talvez você possa conseguir mais informações sobre eles diretamente com os próprios. - ele respondeu rapidamente.

Em seguida, o outro encapuzado, menor, abaixou seu capuz, revelando sua face recoberta de uma pelagem longa. Seu focinho se remexeu, mas o tailox nada disse.

O último encapuzado se recusou a mostar sua face:

-Eu prefiro manter meu capuz.... Realmente nao tenho a intenção de retira-lo mesmo durante a viagem. - ele disse.

O capitão, embora não parecesse feliz com aquilo, também pareceu não se incomodar.

Por fim, o juban lançou também uma pergunta:

- 300 moedas ... receberíamos então 150 antes e 150 depois?

- Exatamente, a divisão do pagamento seria feita em dois momentos, metade antes e metade depois do serviço. - respondeu o capitão, sério, antes de completar. - Claro, caso você fuja com metade do pagamento não espere pisar em Rahkburg novamente sem ser caçado.

- Então eu, Grohtal, vou ajudar a enfrentar os Mantchägar. Ele são violentos e só respeitam a força.

Grothal confirmou sua colaboração à missão, e logo foi seguido por uma pergunta do encapuzado:

-Existe alguma classe de bônus? Se trouxermos algo de volta receberemos mas dinheiro ou algo do gênero?

- Não... não temos intenção de dar nenhum bônus, mas como de praxe em expedições como esta, qualquer espólios do combate não tem nada a ver conosco, sendo assim livres para a divisão entre vocês.

Irrompeu então o Juban, dando continuidade à linha de raciocínio do capitão, que sugerira o roubo:

- Creio que, se tivesse esta intenção, manteria meu rosto encoberto por um capuz o tempo inteiro. - Aquilo soou como uma indireta ao encapuzado misterioso. - Acredito também que devemos partir logo. Antes, contudo, sugiro que nos equipemos melhor para o desafio vindouro. Usemos metade do dinheiro para aumentar nossas chances de vitória. Nos encontramos nos portões da cidade ao meio dia. O que me dizem?

- É uma idéia interessante, - disse o elfo que entrara na sala por último e ficara quieto até o momento. -, hei de retirar-me, encontrarei aos dispostos nos portões da cidade quando o sol estiver a pino.

- O guarda ao lado de fora entregará-lhe o dinheiro. - respondeu o capitão.

- Certo, obrigado a todos. - disse o elfo, antes de se retirar. Os outros três guerreiros que haviam entrado com ele saíram ao mesmo tempo, sem dizerem sequer uma palavra.

Por fim, o anão berrou, parecendo irado:

- Capitão, o encapuzado é um bom sujeito. Me ajudou ontem à noite em um mal entendido na Taverna, - ele parecia estar defendendo Dimble. Completou.- mas me pergunto, como um orc pode ser uma boa companhia em uma investida contra uma TRIBO de ORCS?

- É bom então que os tais Filhos do Escorpião sejam só humanos. Se forem anões, elfos ou outra coisa qualquer, seremos todos péssimas companhias... - Grohtal riu, não se ofendendo com o comentario do anão.
Ele afastou as mãos de sua cintura, deixando-as perceptivelmente longe de sua arma.
- E que o encapuzado aqui não seja um humano. Seria perigoso tambem.
Caso todos estivessem a se retirar do local, Grohtal tambem sairia. Queria pegar o dinheiro e ver se teria como adquiri algo util para a empreitada.

Antes que Grothal pudesse dizer qualquer coisa, o anão indignou-se com a presença do elfo que saíra da sala e bateu o pé:

- Não bastava um Orc, ainda temos um elfo! - com isso, ele saiu da sala.

- Com sua licença. - disse o Juban, fazendo uma grande mesura ao capitão, em demostração de respeito, e retirando-se da sala.

Sem dizer nada, o tailox também deixa o recinto. Vendo que ali restara somente ele e o capitão, o orc também deixa o posto da guarda, já com seu dinheiro adiantado em mãos. Caberia a ele como gastar o dinheiro, já que tinha cento e cinquenta moedas, oque era uma quantia razoável.

Grohtal se dirige ao mercado. Estava pouco preparado para um combate tão desgastante e arriscado. Precisaria de melhores equipamentos. Primeiro, poçoes de cura. Precisaria de algo que permitisse se curar rapidamente.
Os xamãs orcs faziam poções eficiente, mas era pouco provavel que tivesse um xamã orc em uma cidade fria e abandonada pelos espiritos como aquela.

Não seria difícil encontrar um loja que dissesse vender poções curativas. A Alquimia vinha ficando mais famosa com o tempo.

Sorte ou coincidência, destino talvez, mas encontrar Linna no meio da rua foi de grande ajuda. Ela estava em sua "forma" humana.

- Ah, você por aqui! - ela carregava uma mochila com conteúdo que o orc não conseguiu distinguir, mas cheirava à carne. - Descobriu algo sobre o serviço?

- Sim. Preciso me preparar para uma batalha. E não sei até que ponto posso confiar em meus parceiros de combate, são todos de raças diferentes, alguns obviamente são racistas. Tem um anão que odeia orcs e elfos.
após ficar em silencio por um momento, o orc perguntou:
- Você sabe onde eu conseguria poções de cura? Não lembro de ter ninguem voltado à cura entre meus colegas, e não sei se eles me ajudariam caso eu precisasse.

- Hum... - Ela parecia pensativa. - Esses anões são sempre assim. Nunca gostei deles... Mas não deveria ser difícil conseguir poções aqui na cidade, há várias lojas de alquimia. Alguma delas deve poder ajudar-lhe. Tem uma aqui perto, posso levá-lo até lá se quiser.