Por mim ou por ela? [Cap. 4 - Barabbas]

Barabbas era um homem de ferro. Praticamente nada o abalava. Mas até mesmo o ferro tinha suas fraquezas. O ar poderia enferrujá-lo com o tempo. Para Barabbas, não precisaria de tempo. A visão daquele ser de mais de 2 metros de altura arrombando a parede demoliu temporariamente seu controle, fazendo com que o homem arregalasse os olhos e deixasse o queixo cair.

Ainda bem que Barabbas não permaneceria naquele estado catatônico por muito tempo. Ao ver que o monstro não os percebia, Barabbas visualizou uma vantagem.

- Tenho uma charada para você - sussurrou ele para Dahlia - qual o presente de deus para os camaleões?

Disse ele, começando a mover-se no mesmo passo que os mortos vivos, buscando sair da vista do monstrengo.

Barabbas teve a impressão de ter ouvido Dahlia murmurar algo como "camuflagem". Seguindo os passos de Barababs, a jovem se fundiu com a multidão de desmortos com uma facilidade e proeza admirável.

Logo, Barabbas notou mais comoção na mansão: um grupo de pessoas, que Christ reconhceu, mesmo à distância, como aquela parcela dos sobreviventes que saíra da sala anteriormente, guiada por Johan e Claus. Pelo estado deplorável de algumas das pessoas, podia-se concluir que a tal saída não era tão pacífica quanto imaginara-se.

De repente, o ser imenso que quebrara a parede pareceu ver o grupo de viventes e investiu contra elas. Parecia que aquele lugar logo se tornaria um campo de batalha;

Por detrás do <insira aqui o nome da coisa que Barabbas achou para se esconder da vista da criatura, e que não foi informada pelo mestre>, Barabbas buscou Dahlia com os olhos e murmurou para a garota, sempre em um tom de voz calmo e gradativo, como se existisse um bebê dormindo no lugar e ele não quisesse acordar.

- Temos de encontrar seu pai. Vamos aproveitar a distração.

[Eu não mencionei nada porque você não está escondido atrás de nada, você está no meio de dezenas de zumbis. Ele dificilmente conseguirá reconhcer duas agulhas no palheiro]

- Certo, - murmurou a jovem de volta, em resposta. - vamos.

Dito isso, ela dechou os olhos por alguns segundos, abriu-os repentinamente e começou a andar por entre os mortos-vivos num ritmo lento para não chamar atenção.

Barabbas apertou o passo para alcançar Dahlia e, assim que a alcançou, começou a seguir em zigue-zague, para que os dois não ficassem ambos seguindo na mesma direção. Barabbas procurava manter intacto o movimento browniano daquela massa de corpos.

Barabbas seguiu Dahlia evitando que associassem seus caminhos com sucesso.

Em alguns minutos, chegaram à um mausoléu razoavelmente pequeno, por entre as outras lápides e túmulos.

- Ele está aqui, tenho certeza. - A jovem disse, numa voz normal, já questavam longe da mansão e do combate.

Uma coisa que Christ notara era que por ali a densidade demográfica dos mortos-vivos era menor e grande parte dos túmulos estavam intocados. Parecia que aquela área do cemitério era mais antiga e abrigava os corpos mais velhos, provavelmente já num estado de decomposição maior. Por isso, não haviam levantado para atormentar os viventes.

As portas do mausóleu à sua frente estavam cerradas, a madeira escura corroída pelas intempéries do tempo bloqueava a entrada. Dahlia tentou abrir a porta, mas não era possível, parecia estar bloqueada pelo lado de dentro.

- Sempre há uma falha.

Disse Barabbas, se aproximando da porta e começando a examinar para ver a melhor forma de arrombar. Barabbas não ia chegar metendo o pezão. Isso era para os vândalos e incompetentes. Ele buscaria as fraquezas da madeira e da segurança como um todo. Talvez uma dobradiça fraca, ou a própria madeira se desgastando. Nenhum sistema de segurança é 100%. Basta saber se o homem era competente o suficiente para passar aquele sistema de segurança rudimentar de dezenas de anos atrás ... Ainda bem que trazia consigo dois instrumentos de trabalho, ainda que improvisados: a faca e o bisturi.

(( Não se esqueça que Barabbas vai tentar abrir fazendo o mínimo de barulho possível. ))

Barabbas mostrou-se incrivelmente profissional: em segundos, havia encontrado fraquezas na madeira aqui e ali, ali de um ou dois parafusos soltos nas dobradiças. Sem nem precisar de qualquer ferramenta, empurrou a porta aqui, bateu de leve na trava enferrujada e logo a porta estava aberta. E melhor: fizera menos barulho do que faria se estivesse usando a chave própria da porta.

Dahlia estava decerto impressionada com a performance extraordinária do homem.

- Muito bem! - Ela sussurrou, entusiasmada, mas séria. - Vamos, tenho certeza de que Frederik está aí dentro.

O interior do lugar não era grande: devia ter, no máximo, uns dez metros quadrados. Infelizmente, não havia janelas nem abertura nenhuma além da porta. Isso resultava numa escuridão completa e tenebrosa que tomava conta do aposento.

- Tem luz aí? Fogo, uma lanterna? - Dahlia perguntou, mas logo lembrou-se de algo. - Esqueçe, eu tenho.

Ela retirou de seu bolso um isqueiro e, rasgando um pedaço do braço de sua blusa, fez uma tocha improvisada. Não era necessário tanto para iluminar aquele espacinho, mas pouco importava.

- Vamos, - disse ela acendendo a "tocha" e entrando no lugar. - ele deve estar tremendo de medo.

As coisas estavam se tornando cada vez mais surreais e horrendas. Barabbas sentiu o ar estagnado do lugar aderir à sua pele como um muco fétido. Respirar ali era uma tarefa difícil. Logo a luz da tocha incidiu sobre um canto do mausoléu empoeirado. Junto ao jazigo onde provavelmente estava um cadáver carcomido pelo tempo e pelos vermes, estava agachado Frederik, numa posição fetal.

Ele respirava com dificuldades e pesadamente, parecia estar muito ferido e sangrava profusamente. Não passava de um agonizante, esperando que o fim chegasse para que seu sofrimento tivesse logo um fim.

Dahlia pôs uma expressão de nojo na face, como estivesse enojada por aquilo que estava ali, sob seus pés.

- Tenho dificuldades a crer que um dia já obedeci à coisa tão miserável quanto isto. - Ela disse, sem misericórdia alguma na voz.

Barabbas aproximou-se coisa de dois passos. Estava sério. Ele não aprovava o que ela falava. Aquilo era falta de respeito.

- Ainda assim, ele é seu pai e por isso merece respeito. Vamos apenas terminar o serviço.

Ele então deu mais alguns passos, buscando aproximar-se do homem. A mão direita segurando o cabo da faca pronta para uso.

- Sr Frederick. Sua hora chegou. Aceite-a com honra e facilite o trabalho para que não sintas mais dor.

Ele esperaria. Barabbas esperaria pela resposta de Frederick. Era o seu temperamento. Mesmo que isso o colocasse numa posição vulnerável.

Barabbas sentiu um tremor no chão quando terminou de falar. Ouviu som de passos rápidos e pesados do lado de fora do mausoléu.

- Claus! - Dahlia gritou, logo tampando a boca com as mãos, assustada.

Quando virou-se para trás, viu o tal ser imenso que estava lutando com os outros antes ali, na porta da pequena construção.

Vendo de perto, ele parecia até maior e pior, até mais desfigurado. Podia notar que o crescimento desigual de seus músculos acarretara em um desequilíbrio visível em seu físico, Partes de seu braço eram mais largas que outras. Não fazia idéia do que causara aquilo, mas se Dahlia dizia a verdade, aquila coisa fora Claus um dia.

- Deixem Frederik em paz! - Berrou a coisa, sua voz gutural gravíssima como o som de um contra-baixo, enquato estendia o poderoso braço na direção de Barabbas, porta adentro.

Por instinto ou habilidade, não souber exatamente qual, Barabbas desviou facilemnte da mão do homem, mesmo na escuridão quase total.

- Vamos sair daqui, primeiro nos livramos de Claus, depois cuidamos de Frederik! - gritou Dahlia, saindo do mausoléu pela pórta rapidamente, antes que o iniimgo pudesse impedir a manobra.

Sair ... este parecia ser o melhor caminho. Mas não para Barabbas. Talvez ele morresse. Talvez ele vivesse. Fosse qual fosse o seu fim, ele terminaria o seu trabalho. Ele veria a última gota de sangue escapar do corpo de Frederick. Claus, deformado do jeito que estava, teria dificuldades de se movimentar dentro do apertado mausoléu. Barabbas confiava que nenhum de seus golpes seriam poderosos (ou letais) o suficiente para representar perigo real. Desta forma, Barabbas não seguiu Dahlia. Ao contrário, com a mesma rapidez e agilidade da garota, Barabbas disparou contra Frederick, agradecendo por já ter a faca em mãos. Seria aquela a última vez que a faca penetraria a carne de Frederick?

Mesmo no meio da escuridão quase total, Barabbas conseguiu se lembrar e visualizar em sua mente o posicionamento dos objetos ali, inclusive de seu alvo.

A faca de Barabbas enterrou-se na carne de Frederik, abrindo um grande corte em seu abdômen. Mas, ao invés, do último suspiro, Barabbas ouviu outra coisa:

- Muito bom, muito bom.

Era a voz de Frederik. Mas ele estava ali agonizante, mas respirava, cuspindo sangue como um tuberculoso, como poderia falar com tanta naturalidade? Como sua voz poderia estar tão firme?

- Mas demorou demais. - O homem se levantou no escuro. - Já não estou mais no mesmo estado que você, mortal.

Enquanto isso, Christ pôde ouviu sons de combate: disparos e tiros, do lado de fora do mausoléu. De relance, conseguiu discernir Dahlia atirando contra Claus.

- Com lincença. - Disse, Frederik, passando lentamente pelo lado do inimigo, em direção à saída do lugar.

Aquilo parecia ser irreal. Como poderia? Ele fizera então com ele mesmo, mas ...

- Curioso até onde alguém pode ir. A necessidade faz o homem. Mas Johan me ensinou algumas coisas ...

Disse Barabbas, dando mais uma facada, tentando acertar a coluna vertebral de Frederick em qualquer ponto.

- ... o que quebra, permanece quebrado!

[Você quis dizer Frederik, correto? Estou confirmando porque é uma dúvida importante para o decorrer da cena]

(( >.< Sim ... era Frederick mesmo >.< Acabei tropeçando nos nomes =/ Vou editar. ))

Barabbas deu um forte golpe na direção de Frederik, mas, infelizmente, o homem parecia não ter perdido nem um pouco de seu agilidade naquele processo de se tornar um morto vivo: Desviou facilmente do ataque e continuou andando para fora do mausoléu.

Dahli continuava combatendo Claus, mas parecia estar ficando cansada. Estava também um pouco oncfusa e parecia preocupada. No entanto, os movimentos do mordomo zumbi estavam lentos, ela não estava sofrendo danos naquela luta.

Frederik continuou andado, como se ignorasse a filha que o traíra, e saiu do cmapo de visão de Barabbas.

[Só para especificar, você está dentro do musoléu, sozinho. Frederik acabou de sair, Dahlia e Claus estão lutando do lado de fora.]

Barabbas precisava seguir Frederick. Ele não poderia deixar o velho realizar mais nenhuma de suas maquinações. Já bastava o tempo perdido que rendera uma bela duma dor de cabeça ... Agora Barabbas precisava achar fogo, e rápido. Por que ele não andava com um isqueiro da mesma forma que um antigo conhecido piromaníaco? Se ele ao menos tivesse fo ... A tocha! Barabbas buscou a tocha improvisada que Dahlia havia feito. Aquela seria a melhor das armas!

Logo pegou a tocha que Dahlia fizera e derrubara ali no chão do lugar. Por sorte, nada queimara. Com a "arma" em mãos, saiu do lugar.

Ao sair do mausoléu, Barabbas ficou um pouco espantado com o que viu:

Todos os mortos-vivos que estava ali andando haviam caído ao chão, de volta ao seu estado natural: mortos.

Frederik andava calmamente em direção à casa. O grupo de pessoas à distância, do lado de fora da mansão permanecia estarrecido.

Dahli interrompeu seu combate por instantes e se moveu para perto de Barabbas.

(( Ih caramba! Foi mal o tempo parado. Eu lembro que eu cheguei a abrir o post e ler, mas não pude postar na hora. Daí minha namorada fechou a aba e eu apaguei da memória =/ Foi mal mesmo ... só fui me dar conta agora =/ ))

As chances de Barabbas diminuíam com o passar dos segundos. Ele tinha que terminar aquilo logo, se é que ia terminar mesmo. Correu tudo o que pôde para alcançar o velho Frederick. A estratégia era clara em sua mente: queimar o velho. Mas como ele iria fazer aquilo era ainda uma incógnita. Bastava encostar o fogo em Frederick? Teria que jogar gasolina? Como seria feito, Barabbas ainda não sabia, mas tentaria. Primeiro iria encostar a tocha no morto-vivo, e depois ... depois ele veria o que fazer.

(( Só para deixar claro, isso foi uma jogada de ataque contra o Sr Frederick. Barabbas pretende atear fogo no antigo dono da casa. ))

Barabbas correu até Frederik que, por sorte, não estava tão longe, e tocou a chama da tocha no alvo.

As labaredas lamberam e dançaram ao redor do terno escuro do homem, que estava velho e um tanto surrado, e logo se alastraram pelo mesmo, queimando com incrível velocidade.

Frederik tirou a vestimenta e jogou-a no chão, pisando na mesma para apagar o fogo. Parecia apressado: claramente o fogo lhe preocupava.

Aproveitando a oportunidade do velho em tentar apagar as labaredas do próprio terno, Barabbas faria seu trabalho de 'piromaníaco por um dia'. Atacou o antigo dono da mansão uma vez mais com a tocha, para que esta pegasse fogo em mais peças de roupa. Que ele não conseguisse tirar alguma e que queimasse até a morte.

Barabbas, embora concentrado em atacar Fredrik, pôde ver Claus correndo na direção dos sobreviventes que estavam ali perto da mansão e estes, por sua vez, correndo para dentro da construção, provavelmente em fuga ou em busca de abrigo.

O homem tentou desferir outro golpe da tocha em Frederik, a fim de queimá-lo novamente, mas a tentativa terminou em falha: o inimigo deu um simples passo para trás e evitou a arma improvisada de Barabbas.

Infelizmente a distração do inimigo terminara: ele apagara com sucesso o fogo de seu terno.

- Você matou Johan e depois tentou matar Dahlia. Morra de uma vez e pague por seus pecados!

Gritava Barabbas, não por fúria, mas a fim de ser escutado por qualquer um ao alcance de sua voz. Enquanto isso, Barabbas tentava um novo golpe contra Frederick. A tocha estava se saindo uma arma perfeita! Barabbas apenas não entendia por quê o velho Frederick não contra-atacava. O que ele estaria tramando?

- Não fale sobre oque não lhe diz respeito, insolente! - disse Frederik, aparando o golpe da tocha de Barabbas com as mãos nuas e logo desferindo um golpe com o punho contra a face do oponente. O soco foi rápido demais, além de inesperado, para que Christ conseguisse desviar, de forma que levou o impacto todo na face esquerda. [2 de dano contundente]

Após aplicar o golpe, Frederik soltou a tocha de Barabbas e se afastou um passo do mesmo.

Barabbas sabia manter a pose, mas isso não diminuía em nada a dor do soco. Aquele verme morto-vivo ousara lhe atacar. Nenhuma de suas criaturas havia feito isso antes. Nenhuma. Como ele ousava faze-lo? E ele agarrou a tocha com a mão! Afinal, o fogo não deveria ferí-lo? Talvez ... talvez não fosse tão rápido assim que pegasse na pele. Mas e se o fogo pegasse antes em algo que queimasse rápido, tão ou mais rápido que as roupas velhas? Algo que o velho não pudesse retirar. Algo como o ...

Rapidamente Barabbas se recompõe e, segurando a tocha firmemente na mão, tenta um golpe difícil contra o velho. Para este golpe, Barabbas tentaria o seu melhor. Pagaria preço de sangue, se fosse possível. Seu alvo: o cabelo do homem.