Que a Justiça seja feita [Coruja]

- Não, não há necessidade de vossa presença. A menos que tenha medo do que posso fazer com sua armadura, confie-a para mim e volte em cerca de uma hora, talvez termine até mesmo antes disto.

Amon olhou nos olhos do elfo e sorriu.

- Se fizeres algo perto do que tens sobre a mesa, não tenho nada a temer.

Então levou as mãos nas fivelas e começou a retirar a armadura, depositando as placas e partes sobre um espaço livre qualquer do balcão.

- 75 moedas ... volto em uma hora, talvez mais.

Disse por fim, retirando-se da loja. Seu próximo objetivo era comprar rações de viagem. Provavelmente conseguiria comprar algumas dos militares. Amon seguiu, então, para o já conhecido albergue público.

Chegou ao posto da guarda: logo foi reconhecido. Aparentemente ainda era o mesmo indivíduo que fazia a vigília. Talvez o capitão não houvesse mentido sobre a falta de contingente.

- Boa tarde, senhor! - Cumprimentou o soldado, sorrindo e fazendo uma mesura. - Veio tratar algo com o capitão novamente?

Amon retribuiu o sorriso com sinceridade. Homens como aquele, que permaneciam fiéis ao seu dever, deveriam ser mais valorizados.

- Não exatamente. Hoje vim tratar de negócios. Gostaria de comprar algumas rações para viagem. Acaso vocês da milícia ainda recebem suas cotas? Conhece alguém que teria interesse em vender suas rações?

- Rações? A guarda produz nossas próprias provisões aqui na central. Talvez você possa negociar a compra de algumas com os contadores, mas não tenho certeza. - Ele parecia realmente não saber da possibilidade, aquilo parecia ser algo inédito. - Posso pedir para que alguém o leve até eles, se desejar.

- Certamente.

Confirmou Amon, pronto para iniciar negociações com quem quer que fosse. O que ele não poderia ficar era sem provisões para a empreitada. Não sabia quantos dias passaria fora.

- Estou aguardando.

[Eu peço desculpas, mas visto que uma parte dos jogadores já está esperando pelo restante para dar sequência ao jogo, você não se importaria se eu apressasse um pouco a narração? Não pretendo cortar trechos importantes, mas também não poderei dar tamanho detalhamento.]

O guarda fez novamente um sinalização com a mão e os portões foram abertos.

Um outro soldado estava à espera do Juban, já no interior do posto.

- Siga-me, levarei-te à sala do contador.

(( Certamente. Se quiser pular esta parte, não tem problema. A única parte que importa é a que vem depois dessa ... a parte que tem a ver com Khain. Agora só quero comprar 5 rações por 25 moedas ^_^ ))

Amon seguiu o soldado e partiu corredor adentro. Já podia contar as moedas, se tivesse certeza do valor do item que iria comprar.

[Ok, muito obrigado.]

Amon conseguiu negociar a compra de rações suficientes para alimentar-se por cinco dias pelo razoável preço de vinte e cinco moedas. Havia decidido visitar Khain, então dirigiu-se para a casa da família do juban.

Chegou ao casebre e encontrou a porta fechada.

- Que estranho. Saíram todos?

Amon começava a cogitar o que havia acontecido. Khain poderia ter saído para entregar as crianças para os pais. Os demais poderiam ter, cada qual, ido para um lado. De qualquer forma, valeria a pena bater à porta. E foi o que o juban fez.

Amon ouviu passos no interior da casa, logo, não estava vazia. Uma voz feminina conhecida veio do interior:

- Só um segundo! - gritara.

Em instantes a porta foi aberta por Julie, que, ao reconhecer Amon sorriu e deu-lhe um forte abraço, como faria caso reencontrasse um amigo de longa data que não via há tempo.

- Que surpresa, não esperava vê-lo novamente tão cedo! - ela disse, afastando-se a escancarando a porta, a fim de dar passagem ao Juban. - Entre, entre.

- Khain saiu para levar os dois pequenos e ainda não voltou, mas não creio que ele demorará muito. - Ela comentou entrando de volta na casa.

Amon se espantou com o grau de liberdade da garota. Não que aquilo tivesse incomodado ele. De forma alguma! Receber um abraço daqueles de uma fêmea tão alegre, sorridente e cativante era algo para ser celebrado. Amon apenas não esperava que acontecesse ... não estava acostumado.

Sorrindo, adentrou a casa e fechou a porta atrás de si. Era melhor assim.

- Não se preocupe, Julie. O que vim fazer aqui não requer a presença de Khain, apesar de que seria interessante.

Ele então retirou a bolsa de moedas e contou as 50 moedas que restavam, excluindo-se o pagamento do ferreiro.

- Acho que posso confiar isto a você. - disse, ainda sorrindo, entregando as moedas para a garota. - Dê a Khain. Ele saberá dividir para ajudar nos custos ao longo do mês. Aí tem cerca de um mês de trabalho, qualquer que seja ele. E ... bem, é isso. Espero muito que vocês possam seguir a vida pelo caminho certo, garota. Leve no seu coração o bem e a justiça ... e você sempre poderá sorrir orgulhosa de si mesma. Enfim ... foi isso que vim fazer e, agora que terminei, preciso ir. Marquei com alguns companheiros de trabalho para nos encontrarmos nos portões da cidade e já está quase na hora.

Amon nada mais disse. Ficava observando os olhos de Julie e o sorriso da garota. Ela era bonita. Realmente bonita. Só lhe faltavam alguns pelos, uma calda, caninos afiados ...

[Calda? Prefere de morango ou de chocolate?]

Ela parecia um pouco surpresa: não era como se cinquenta moedas fosse pouca coisa.

- Tens certeza disto? - Ela perguntou, pegando a lagibeira um tanto receosa. - Não precisarás deste dinheiro?

Amon olhou para o local. Comparado à como a casa estava durante a manhã, estava muito mais arrumado e organizado. Aparentemente, Julie cuidava da casa, enquanto os outros haviam saído a trabalhar.

(( calda, rabo ... chame como quiser ^_^ ))

Amon assentiu com a cabeça.

- Tenho sim, Julie. Este é o meu 'muito obrigado' pela grande recepção que me deram. E mais que isso, é minha ajuda para que vocês possam mudar de vida. Se alguém estiver aprendendo a ser carpinteiro e precisar comprar algo, que este dinheiro o valha. Se não precisar comprar nada, ao menos não precisarão se preocupar com comida por algum tempo, o suficiente para que as profissões honestas de cada um comece a render dinheiro. Juntos, vocês poderão se ajudar e, logo ... quem sabe ... esta casa será considerada ponto de luxo da cidade!

Amon sorria, sonhando com o futuro. Desta vez foi o juban quem se aproximou da garota e a abraçou, lenta e ternamente, fazendo o contato ser sentido e significar alguma coisa. Aquele abraço de despedida não deveria ser esquecido facilmente.

- Adeus ...

Disse por fim, afastando-se e caminhando para a porta. Sabia o caminho. Tinha um ferreiro lhe esperando e uma aventura pela frente.

[Não era bem esse o ponto, mas tudo bem]

Julie pareceu entender e abraçou o Juban de volta, em sinal de despedida.

- Adeus. - ela disse, em resposta curta.

O Juban regressou à loja do ferreiro. Entrou pela porta e viu que o próprio já estava mais uma vez sentado atrás de seu balcão, aparentemente, já terminara o serviço.

- Está de volta? - Ele disse, ao ver o Juban, se levantando de sua cadeira. - Espere um segundo, trarei vossa armadura para que possa avaliá-la.

Ele se retirou aos fundos da loja e regressou dentro de instantes, carregando uma proteção à Amon muito familiar.

As juntas da armadura agora estavam cobertas por pequenas extensões de cota de malha reforçada com uma camada flexível de metal, de forma que, realmente, não havia como uma arma penetrar e atingir quem estivesse vestindo-a pelas frestas desprotegidas.

- Teste, por favor. Confio nas minha habilidades de que esta proteção não deve tirar a flexibilidade nem limitar o movimento do guerreiro que a traja, mas quem pode avaliar isso é o próprio. - o elfo entregou a armadura ao Juban.

Amon sorriu ao ver o elfo retornar com sua preciosa armadura. Já estava sentindo falta do peso habitual sobre seu corpo. Vestiu a armadura e seu sorriso apenas aumentou.

- Está um trabalho realmente bom. Infelizmente, só saberemos que realmente funciona depois que eu voltar com vida.

Disse, rindo. Pegou então as moedas restantes de seu bolso, 75 em quantia, e entregou ao ferreiro.

- Como combinado. 75 moedas. E ... por favor, se descobrir alguém que esteja comercializando uma armadura melhor que essa, guarde a informação para mim. Realmente procuro por algo que me proteja mais.

Assim, se mais nada tivesse para ser dito, ele sairia e caminharia em direção aos portões da cidade. Já estava quase na hora.

Caminhou em direção aos portões: já havia um grupo grande de pessoas ali esperando. O orc, o anão, o elfo, o tailox e o indivíduo que se recusara a mostrar-se.

O trio de guerreiros que faltava não tardou a aparecer, chegando quase simultaneamente ao paladino.

Estavam todos ali, finalmente.

Amon olhou para o céu e viu que ainda não era meio dia.

- Bom, sei que marcamos ao meio dia, mas já que estamos todos aqui, podemos partir mais cedo. Ou alguém gostaria de esperar mais por qualquer que seja o motivo?

A proposta era partir ao meio dia, então se alguém quisesse ficar parado até a hora marcada, Amon concordaria. Fazia parte do seu temperamento, do seu código de honra.

- Acho que devemos partir, ou esperaremos por algo mais? - perguntou o anão, dando um passo à frente.

O elfo meneou com a cabeça, em sinal de quem não sabia. O Juban então lançou sua dúvida.

Por fim, o orc irrompeu:

- Nenhum desistiu? Os Mantchägar são perigosos. Só guerreiros prontos pra sangrar deviam ir. - ele falava como se conhecesse os próprios.

Amon já havia se decidido. Estavam todos naquela inércia e ele não seria mais um a fazer coro. Apertou mais a espada na cintura e começou a andar.

(( - Sigam-me os bons! ))

Todos assentiram em partir imediatamente, cada qual com sua afirmativa.

No entanto, foram interrompidos por um grito:

- Esperem! - berrava um homem, correndo na direção deles. - Esperem por mim!

O homem se aproximou, e puderam ver que trajara um armadura leve, carregava uma rapieira embainhada consigo.

- O Capitão Isirtonn me enviou para acompanhar-lhes e oferecer suporte e apoio. Boa tarde.

Amon virou-se para o homem e acentiu com a cabeça.

- Certamente. Seja bem vindo ao grupo. Agora vamos!

Disse por fim, virando-se e continuando a andar. Não podiam perder tempo.

- Que seja. Vamos. - disse o Orc, com um tom de impaciência, logo antes do cumprimento do próprio Juban.

- Ok.... Partimos então! - exclamou o encapuzado suspeito, andando.

- Boa tarde! Quem és tu? - perguntou o anão ao homem, amigável. O homem então aproximou-se dele, mas Amon não conseguiu ouvir oque diziam.

Haviam saído da cidade. Pelo que dizia o mapa que viram com o capitão, os mercenários deveriam ter levantado acampamento a menos de dois dias de viagem à pé: não estava longe.

Amon lembrou-se de ter visto no mapa também que havia um pequeno vilarejo no caminho caso pegassem um pequeno desvio. Poderiam chegar lá no fim do dia, se pegassem a rota correta, mas teriam de viajar por algumas horas à mais no segundo dia de viagem. Seria como trocar uma boa noite de sono por uma caminhada mais longa. Também poderia ser uma chance de obter informações e talvez suprimentos de última hora.

Sempre em ritmo de marcha puxada, Amon puxou conversa com seus parceiros. Não iria decidir tudo sozinho. Isso jamais.

- Irmãos. Devemos tomar uma decisão o mais rápido possível. Temos a possibilidade de seguir por uma trilha rápida, que nos levará ao nosso objetivo a menos de dois dias de viagem. Contudo, isso nos obrigará acampar a céu aberto durante a noite. A outra opção seria desviar nossa rota um pouco para coincidir com um vilarejo próximo. Isto nos daria uma noite de sono segura e confortável, mas nos atrasaria um pouco a viagem do segundo dia. Digo que o grupo deve ficar unido, seja qual for a decisão. E sugiro fazermos uma votação para decidirmos qual é o melhor. Desde já, eu voto em seguirmos direto. Quanto mais cedo chegarmos, melhor. Faremos um rodízio para vigiar durante a noite que acamparmos. Agora, qual a opinião de vocês?

Amon olhava para os demais, mas continuava andando. Parar não era opção.

Assim que terminou de perguntar, foi respondido por um guerreiro, que andava coçando sua barba ruiva:

- Eu voto que continuemos a viagem. Acho que todos aqui aguentam uma noite no chão.