Fazer oque? (Barabbas - Cap. 2)

(( Pode continuar até eles depositarem as moças e o cara XD ))

Barabbas continuava em seu habital estado de quietude e observação. Ser invisível era uma arte que deveria ser cultivada ao longo do tempo. Não era um simples botão de liga e desliga. Todos os movimentos de Barabbas imitavam os daqueles que ele seguia, mesclando-se no movimento geral das massas, mesmo que aquela massa fosse composta por apenas três pessoas.

[Desculpa, é que eu nunca sei quando o jogador tem uma coisa pra fazer ou não. E também sei que ninguém quer ler um livro, e sim jogar. Logo, não gosto de fazer posts muito gigantes sem dar a chance do jogador agir...]

Seguindo com a maior exatidão possível os movimentos de Dahlia e Johan, Barabbas os seguia de perto. Foram por um corredor iluminado por lâmpadas incadescentes dispostas a intervalos regulares no teto até uma das diversas portas por este espalhadas. Abriram uma delas, acenderam as lâmpadas, e entraram.

O cômodo era pequeno. Provavelmente era um quarto de hóspedes ou dos criados. Haviam poucas coisas ali, Barabbas tinnha quase certeza que aquele quarto em específico não era habitado. A móbilia era composta po uma cama, um guarda roupa e um criado-mudo.

Johan colocou o homem no chão, ao pé da cama. Dahlia colcou delicadamente a mulher que carregava sobre a cama, repousando sua cabeça sobre o travesseiro. Barabbas fez um gesto semelhante, aproveitando todo o espaço disponível na cama.

- Pronto. Vamos falar logo com o pai, ele deve estar ficando estressado... - Johan parecia, pela primeira vez desde que Barabbas o encontrara, preocupado.

- Sim, vamos nos apressar. - Dahlia concordou novamente com o garoto.

Assim, eles saíram do quarto, trancaram a porta à chave, e começaram a traçar o caminho de volta até o hall de entrada.

(( Pergunta: Eles me trancaram dentro? O.o Vou assumir que não ^_^ ))

Barabbas sai junto com os dois irmãos, seguindo-os para finalmente encontro com 'o pai'. A forma que eles se referiam àquela entidade, parecia surreal. Era como se o supracitado homem não fosse o pai de verdade, mas que 'pai' significasse algo mais, como um líder de tribo, ou um pai de santo. Barabbas indagava-se se esse seria o caso.

(( Pode seguir até algum encontro. Barabbas só presta atenção XD Qualquer dia eu faço um personagem vândalo para sair quebrando as coisas no caminho hahaha ))

Andaram de volta ao hall de entrada., e pararam em frente à grande porta central do aposento.

- Olhe bem, homem, - Johan estava sério, e falva com Barabbas com um tom bem duro. - Pelo seu bem, acho bom se comportar na frente do nosso pai, ok? Você pode querer, eu posso achar que é bom o bastante, mas quem decide se você fica ou vai no fim das contas é ele.

- Johan, não fique assustando o homem. - Dahlia interveio, um pouco irritada. - Nosso pai não é tão terrível assim, vai ver. Só meça suas palavras, por favor.

Dito isso, os dois abriram a porta.

Uma grande e majestosa sala de jantar se estendia à sua frente. Uma imensa mesa, na qual poderias sentar, nnuma estimativa simles, umas cinquenta pessoas, estava logo à sua frente. No ponta oposta, do outro lado da sala, estava sentado um homem.

- Venham, sentem-se mais próximos à mim. - Ele disse, com uma voz potente.

Dahlia e Johan começaram a atravessar a sala, até onde o homem se encontrava. Seguindo Dahlia, Barabbas observou a sala, durante o trajeto: só haviam duas saídas do lugar, a porta por onde entrou e um que estava logo atrás do homem. Chegaram perto. Os dois filhos puxaram cadeiras e sentaram-se.

- Sente-se também, senhor. - o homem tinha um dom com as palavras- moldáva-as perfeitamente para cada ocasião, media o tom com que cada sílaba saía de suas cordas vocais, para obter o resultado que desejava.

Matinha, a todo instante, postura altiva e ereta, oque combinava perfeitamente com seus desenvolvidos trajes- vesti algo que se assemelhava à um uniforme de exército- de algum posto elevado, Barabbas pôde afirmar.

Por alguns instantes, Barabbas apenas fitou o homem, observando-o. Aquele homem, suas palavras e sua atitude, o faziam lembrar do cardeal, num passado distante. O cardeal, diferentemente, tendia a ser uma pessoa bondosa. Mas ambas as figuras em comparação compartilhavam o mesmo dom com as palavras e a mesma autoridade. Apenas a demonstravam de formas diferentes.

Barabbas finalmente fez uma breve mesura com a cabeça, inclinando-a para a frente com um leve sorriso no rosto e então, volando a ficar sério (sereno seria mais apropriado), levantou uma cadeira do chão, e a afastou, para não fazer barulho. Sentou-se e tentou aproximar novamente a cadeira com o mínimo de barulho possível. Barabbas podia ser um psicopata, mas ele não era louco. Sabia que havia comportamentos diferentes para cada tipo de situação.

Barabbas não disse nada. Manteve-se calado, meditando em seus provérbios. Quanto menos falasse, menos saberiam dele. Quanto mais ouvisse, mais ele saberia dos outros.

O homem pegou uma taça de vinho que estava à sua frente, na mesa. Levantou-a, como se brindasse ao ar, e tomou um curto gole do líquido. Começou a falar:

- Primeiramente, bem vindos de volta, meus queridos filhos. Vosso mentor e fiel cão ainda não retornaram, logo, temos algums tempo para discutir os ganhos do dia. Vejo que algum de vocês, no mínimo, cumpriu seu objetivo muito bem... - Ele olhava para Barabbas com um olhar analítico. - Você seria um volutário? Não esperava por tal... Quais são seus motivos para vir até aqui?

Barabbas lembrou-se das feições da garota Dahlia, bem como da forma como ela não gostou de saber que ele não havia aceitado a proposta. Repetir o 'erro' seria insensato, ainda mais com a fama que 'o pai' tinha. As opções de Barabbas eram mentir ou ... dizer parte da verdade. Ele optou pela segunda. Inclinou-se ligeiramente na direção do anfitrião e falou.

- Entre outros motivos menores, estou aqui por sua filha. Sua essência única despertou minha atenção e interesse. Mas, por favor, não se sinta ofendido de modo algum com este meu comentário. Ao contrário, é uma honra conhecer o jardineiro que plantou tão formosa flor.

As palavras não eram todas de Barabbas. Alguns versos eram recortados de poemas que ele leu quando jovem, enquanto morava no convento. Sua expressão também mantinha-se serena, com um leve sorriso no rosto.

Mas algo não passou despercebido por Barabbas. As palavras que 'o pai' usara. Ele referia-se a Barabbas como um voluntário. Então, mesmo que Barabbas não tivesse acompanhado o grupo, ele teria sido levado, da mesma forma que os outros três foram, à força. Além disso, aparentemente o Sr Claus ainda estava na rua. Será que ele encontrou problemas?

- Espero apenas que o Sr Claus esteja bem. - Ele completou, logo após voltar-se para seu estado habitual.

Dahlia lançou um belo sorriso em direção a Barabbas, pelo elogio. O pai da moça continuou a falar:

- Vejo que já conheceu minha mão direita, Claus. Bom saber disso. - Ele parecia feliz com a presença de Barabbas. - Interessantes motivos.

Johan interveio nesse momento, um pouco abrupto:

- Mesmo sendo atraído por Dahlia, lembre-se que fui eu que trouxe ele, eu! - Ele estava um pouco irritado.

- Meu filho, pouco importa qaul de vocês encontrou tal belo exemplar de sobrevivente, mas sim que ele está aqui. Cá entre nós, como foi que você sobreviveu ao inferno que a cidade viveu hoje?

A pergunta colocou Barabbas numa situação um tanto complicada- não se lembrava de nada sobre tal inferno, só de acordar bem depois, à salvo.

Barabbas de fato não se lembrava de nada do que tinha acontecido. Aliás, ele nem sabia de que inferno o homem falava. Até então, o que fora descrito por Johan se limitava ao hospital e a outros pequenos lugares reservados. Barabbas não chegara a pensar que a loucura de corpos caídos se estenderia por toda a cidade. Contudo, o homem esperava por uma resposta, e uma que fosse boa o suficiente para deixá-lo, no mínimo, indiferente.

Barabbas então repassou suas memórias, desde o momento presente, como que rebobinasse uma fita em sua mente. Enquanto ele refazia as lembraças, ele ia retirando alguns objetos de seus lugares e colocando-os em cima da mesa, na seguinte ordem: o revolver, a faca de guerra, o bisturi. Após demonstrar as três armas, dispostas de forma a não provocar mal algum, Barabbas afasta o revolver e a faca de guerra para o lado e deixa apenas o bisturi em evidência.

- Sobrevivi graças a isso.

O homem arregalou um pouco os olhos, interessado.

- Muito interessante. Vejo que consegue se cuidar muito bem com pouco. Realmente um talento sem comparação.

Alguns empregados passaram em volta da mesa, servindo taças de vinho para todos. Em exceção, Johan não foi servido.

- Mas chega deste interrogatório. - O Dr.Fredrik riu. - Pode perguntar oque quiser, senhor... Qual seria seu nome?

Barabbas serve-se do vinho e toma um pequeno gole, provando o sabor da bebida, tentando identificar se era parecido com o que sua lembrança permitisse do vinho do convento.

- Christ. Barabbas Christ.

Responde ele, depositando a taça sobre a mesa novamente.

- E tenho uma única grande pergunta no momento. Qual seria o nome do senhor?

Ele pergunta, recolhendo as armas e guardando-as novamente, visto que mesa não era lugar para tais objetos, agora que a bebida chegara.

- Bom, Senhor Christ, meu nome é Augustus Frederik, mas seria bom se se referisse à minha pessoa como Frederik, que é mais apropriado. - Ele disse, tanto sério quanto descontraído.

A porta de repente abriu-se, e um grupo razoavelmente grande, composto por cinco pessoas entrou na sala. Uma delas Barabbas rapidamente reconheceu como sendo o Sr. Claus, com sua postura, terno e estatura inconfundíveis. Os outros, no entanto, não fazia idéia de quem poderiam ser. Dois homens de uns vinte e cinco anos, um javem que deveria rondar sua segunda dezena de anos de vida e uma senhor um tanto mais velha, beirando seu meio século vivido.

Abrptamente, o Sr.Frederik levantou-se de seu lugar, com clara felicidade em sua face, inclusive derrubando a cadeira onde sentava.

- Claus! Muito bom vê-lo novamente. Venham todos vocês, aproximem-se e sentem-se aqui concosco, vamos jantar!

Ele rapidamente levantou sua cadeira de volta à posição ideal e sentou-se novamente. o Sr. Claus e um dos homens foram sentar-se ao lado de Johan, de forma que o braço direito de Fredrik sentou-se mais próximo do mesmo. Já o outro homem e as mulheres permaneceram próximos à porta, aparentemente em dúvida de onde se sentarem.

Barabbas observa atentamente os 4 novos integrantes. Ele dirige a Claus um leve sorriso, seguido de um aceno de cabeça, e então volta a olhar para os novos integrantes. Dois homens e duas mulheres. Com mais ele e os outros que estavam trancados no quarto, eram oito no total, divididos em quatro homens e quatro mulheres. Seria a igualdade entre os sexos uma coincidência, ou estariam os Frederik formando pares? E para quê propósito?

Barabbas desejou que as duas mulheres, tanto a de 20 anos quanto a senhora de 50, viessem sentar-se do seu lado da mesa. Ele apreciava a companhia das mulheres, visto que crescera num convento/mosteiro. Lá a presença feminina era ... esmagadora.

O grupo restante de fato sentou-se ao lado de Barabbas, mas infelizmente o homem foi quem acabou mais próximo.

- Sr. Frederik, é um prazer conhecê-lo. Sou Jason Miller, jornalista e repórter do New Crow's Daily. - O homem se apressentou, cordialmente, e apressou-se a apresentar as mulheres que o acompanhavam. - Essa é Margareth Miller, minha mãe, e essa é Luana Haley... minha cônjuge. Agradecemos imensamente a hospitalidade e a ajuda que prestou a nós, senhor.

Barabbas notou inclusive que a jovem Luana lançou um olhar estranho na direção de Jason.

Frederik interrompeu os pensamentos de todos para comunicar:

- Acho que esses são todos os convidados que receberemos esta noite, não? - Ele estalou os dedos, enquanto levantava uma taça com a outra mão. - Vamos cear, sem mais delongas.

Um grupo de chefes e mpregados, cerce de dez ou uma dúzia, entraram na sala, carregando bandejas com pratos e taças e começaram a distribuí-las pelos convidados. Estranhamente, Claus e Johan não foram servidos.

O prato que fora posto em frente à Barabbas era belo, um porcelana lustrosa, com detalhes bem trabalhados e, pelo que pôde deduzir, feita em especial para aquela família, visto que o símbolo do corvo que vira nos portões se repetia na borda da porcelana.

Havia uma pequena porção de sopa no fundo do prato e, considerando a quantidade de comida servida, aquela era provavelmente só a entrada.

Após terminrem de servir à todos, os criado se retiraram do aposento.

- Vamos, sem ceriônias, podem comer. Tenho certeza absoluta que estão com fome. - Fredrik falava. Ele respirou fundo. - Sintam esse aroma deliciosos...

Dito isso, ele se pôs a degustar da comida. Dahlia, sua filha já fazia o mesmo e Barabbas notou que o outro homem, sentado ao lado de Claus, também já estava comendo.

De fato, o Sr. Frederik tinha razão. Estava com fome e o aroma daquela sopa, fosse do que fosse feita, tinha um aroma delicioso.

Barabbas era conhecedor das emoções humanas. Se o homem estivesse mentindo sobre sua relação com a mulher, haveria uma grande chance de Barabbas saber. Rapidamente, Barabbas guia os olhos para os dedos tanto do homem quanto da mulher, à procura de alianças.

verdade:

mentira:

E finalmente, cedendo aos seus instintos básicos, Barabbas observa a sopa à sua frente, antes de escolher cuidadosamente o talher com o qual degustar. Se Barabbas tivesse dúvidas, uma simples olhadela para o lado esquerdo iria revelar qual talher Dahlia havia escolhido, e este seria também o de sua escolha.

Barabbas pôde ver que não havia aliança alguma nas mãos de nenhum dos dois, logo, se tratava de uma mentria do jornalista.

Após uma rápida olhadela para as mão de Dahlia, pegou o mesmo instrumento, uma colher de sopa, e começou a degustar a comida.

O sabor da sopa era divino. Barabbas não conseguiu distingir nada além de lentilha e orégano, mas tinha certeza que era algo muito mais desenvolvido que isso. O tempero era delicioso tornando o comida que muitas vezes é meramente insossa em algo saboroso, que inundava sua boca em delírios de sabor.

Colherada após colherada, antes de perceber, já havia tomado tudo oque haviam lhe servido. Na verdade, isso não se limitava à ele; Todo na mesa haviam terminado de comer.

- Dê meus agradecimentos e elogios ao chefe, senhor Frederik, - Mergareth, a mãe do jornalista que faltara com a verdade, cometou brevemente. - É a melhor sopa que degustei em minha vida!

O Sr. riu, enquanto estalava os dedos novamente.

- Nós temos a dádiva de poder apreciar esta comida todos os dias e estamos, por tal, agradecidos. - Ele disse, polido, tomando aquilo como um elogio.

Barabbas notou que após este comentário Johan olhou com certa ravia para o pai, mas logo conteve tal sentimento.

- Mas pouco se preocupem, este era somente a entrada. Espero que nenhum de vocês tenha algo contra carne vermelha ou peixe... - O próprio Augustus parecia estar com um pé atrás diante da reação de seus convidados.

Os criados entraram novamente com pratos. Antes que pudesse sequer reagir, um deles já havia recolhido o prato de Barabas. Um jovem criada perguntou, em um tom baixo, para ele:

- Deseja peixe ou carne vermelha? - Ela dizia sem muita emoção na voz, como se fosse algo pré-programado.

- Carne vermelha, por favor. Se possível, mal passada.

Barabbas gostava de peixe, mas tinha receio que este viesse com espinhas, e ele detestava espinhas. Além do mais, ele não saberia portar-se diante delas. Será que ele poderia pegar com as mãos? A carne daria menos trabalho.

Barabbas apreciava o alimento, e como sempre permanecia observador, sem interagir muito ou interromper. Somente o faria se fosse necessário. No mais, permaneceria calado, aprendendo sobre os outros. Mas em especial, ele continuava prestando atenção em Dahlia, e nas diferenças entre ela e seu irmão, Johan.

Barabbas foi servido um prato sobre o qual estavam um par de baatas sauté e um filé razoável, coberto com um molho marrom que, pelo cheiro, pôde constatar que era molho madeira. O prato tinha um aspecto e aroma apetitosos.

Antes que pudesse ou comer ou passar sua atenção para outra coisa, ouviu o jornalista falar algo:

- Então, Sr. Frederik, o que o senhor tem achado dessas coisas que vêm acontecendo com New Crow?

A reação das pessoas na mesa foi intensa. O próprio Sr. Frederik começou a gargalhar, seus filhos olhavam , com pena, para o jornalista. Claus, por outro lado, arregalara os olhos.

Quadno parou de rir, Sr. Frederik abandonou toda a docilidade e hospitalidade de outrora, seu sorriso desapareceu, um ranger de dentes tomou seu lugar, nervos saltavam na testa do homem que, acima de tudo, suava frio.

- - Por que você está em minha casa? Oque o trouxe aqui? - Indagou, áspero.

Kyrie saberava o alimento lentamente, indiferente à pergunta proferida pelo jornalista, ou à risada do Sr. Frederick. Foi apenas quando o anfitrião demonstrou uma face verdadeira que Barabbas repousou os talheres sobre o prato e, ligeiramente, inclinou-se para Dahlia, sussurrando algo que, talvez, apenas ela pudesse ouvir.

- Devemos continuar aqui ou seria mais apropriado, sairmos e dar mais privacidade para o seu pai ... conversar?

Ele pouco se importava com o que aconteceria com o advogado. O advogado não era sua mãe, nem seu pai, nem a madre ou o padre do convento. Contudo, Barabbas ainda conservava interesse pela mulher de 20 anos. Se ele fosse se meter, seria para poupar a vida daquela mulher, mantendo-a sob sua custódia.

- É melhor ficarmos aqui, está ficando divertido. - Dahlia cochichou, um tanto animada, enquanto prestava atenção no jornalista todo nervoso, suando frio.

O próprio homem tentou justificar-se:

- E-eu... e minha família fomos convidados pelo Mark. O Sr. Claus nos trouxe de helicóptero até aqui.

O Sr. Frederik continuou sério, impassível.

- Interessante. Achei que sabia quem éramos. Então, devo fazer uma apresentação formal. Eu sou Augustus Fredrik. - Apontou para si mesmo. Depois para os filhos. Começou a falar mais rápido, mas forte, logo, a gritar. - Estes são Johan e Dahlia, meus queridos filhos. Este homem que chama de Claus é meu braço direito e mentor de meus filhos. Talvez alguém como você não faça a mísera idéia, mas essas "coisas" que vêm acontecendo em New Crow são, na verdade, meus experimentos! Meus testes!

Ele parou de falar por um tempo, respirou fundo e retomou a palavra, masi calmo.

- Me perdoem, me exaltei. - O Sr. Fredrik continuava a falar, sereno. - Tenho certeza de que os testes foram um sucesso.

Barabbas sentia-se vindo de uma outra dimensão. Mas, afinal, que malditos testes eram esses? Ele próprio não vira nada. Ele não se lembrava de nada. E aquilo só trazia angústia à mesa. Chegou ao ponto de, com apenas 3/4 do jantar comido, ele repousou os talheres e afastou levemente o prato.

Contudo, ele já tinha algumas opiniões a respeito do Sr. Frederick. Por mais 'poderoso' que ele parecesse ser, ele não era invencível. Em verdade, com a perda da razão por tão pouco ele acabou por demonstrar uma enorme fraqueza. Barabbas tomou nota mental sobre aquilo, para usar depois. Mas bem depois mesmo. No futuro mais próximo, Barabbas queria tirar proveito da jovem de 20 anos que acompanhava o desastrado jornalista. Ele só esperava que o Sr. Frederick, se é que ainda não havia percebido a mentira, que não falasse nada. Se as cartas não fossem expostas à mesa, o pequeno plano de Barabbas entraria em ação.

Novamente, inclinando-se em direção a Dahlia, Barabbas sussurra uma pergunta.

- Por que Johan e Claus não comem? Estão de dieta especial?

- Eles não compartilham dessas necessidades carnais que nós temos, como comer. - Ela disse, como e fosse a coisa mais normal do mundo. De certa forma, Barabbas já esperava, à aquela altura, algo do gênero. - Ele não são mais humanos comuns.

O jornalista agora parecia ter se lembrado de algo, e falava:

- Oh! Então fôra o senhor o gênio por trás disso? Magnífico!, eu não fazia idéia. Com a vida tão atribulada nos últimos tempos, deixei de ir atrás de informação tão grandiosa. Peço mil perdões, Sr. Frederik.

A mãe do jornalista interferiu, brigando com o mesmo:

- FIlho, como pôde esqueçer de algo assim? É do nosso próprio anfitrião que estamos falando. - Margareth falava alto, para que todos escutassem, e depois virou-se para o Sr. Fredrik - Desculpe meu filho, mesmo sendo jornalista, ele é meio desligado.

A resposta curta e grossa do anfitrião deixavam dúvida se ele realmente acreditava na versão apresntada ou não:

- Desculpas aceitas, foi só um mal-entendido. - Ele relaxou a tensão sobre o grupo de Jason, dando continuidade ao jantar.

Barabbas apenas inclina a cabeça em sinal de que compreendeu a resposta de Dahlia e fica observando Johan por um instante. Então, o garoto não era mais um ser humano comum? E o que era agora? Barabbas queria abrí-lo! Ver as diferenças, se é que existiam, por dentro do menino. E então olhou para Clauss. Johan era fácil compreender por que se submetia aos caprichos e Frederik, mas Clauss ... não fazia sentido. Se ele era esse super-homem todo, por que continuava sob os mandos de Frederik? Então, Frederik era mais que parecia ser ... e isso intrigava a Barabbas. O que Frederik seria?

Enquanto pensava, Barabbas desviou os olhos de Johan e de Claus, para que esses não se incomodassem com alguém encarando-os. Barabbas passou o olho por toda a mesa, em sentido horário, e terminou no repórter mentiroso, mas que não sabia mentir. Ele deu um leve sorriso e disse poucas palavras.

- Eu achava que as habilidades costumavam melhorar com o uso ... Parece que me enganei.

E então, desfazendo o sorriso, ele volta a olhar para a sua própria comida, cerca de 15 % no prato, ao qual ele já não tinha mais interesse.

O jornalista permaneceu em silêncio, mesmo após o comentário.

Dahlia olhou para Barabbas e tentou puxar algum assunto trivial:

- Você não gostou da comida? - ela indagou, observando o prato de Barabbas, quase vazio, mas com alguns restos.

- A carne não estava mal-passada o suficiente ...

Ele respondeu, indiferente. Era como se ele não ligasse muito, como se aquilo não fizesse a menor importância. E de fato não fazia. Eles todos, à mesa, estavam brincando algum tipo de jogo de faz de contas. Barabbas só não conseguia enxergar a realidade. As coisas ainda não estavam muito claras. A ele só restava esperar e aproveitar as oportunidades que lhe fossem entregues. E pensando nisso, ele virou-se para Dahlia e, com um sussurro, continuou conversando com a jovem.

- Mas e você? É humana? Você ... tem desejos humanos?