"Que dia do cão, hein?" (Jason Miller - Cap.1)

Os olhos do jornalista imediatamente procuraram o alto. Naquela altura do campeonato, até mesmo uma aberração grudada no teto não seria incomum.

Se o cara estiver no teto de alguma forma, eu grito avisando aos policais. Caso não tenha nada/ninguém no teto, procuro por dutos de ventilação ou passagens. E aviso a Keith que aquele era provavelmente o homem que havia ferido James na loja de conveniências. Além disso, também aviso que, se forem a mesma pessoa, esse ser pode saltar muito mais alto do que um humano normal e não deixa rastros.

Jason olha, preocupado, para cima, a fim de ver se não encontra nada lá. Como seu inconsciente esperava, nada havia lá. Resolveu, então, contar suas suspeitas ao capitão policial Keith.

- Então você acha que podemos estar lidando com o mesmo culpado...? - Ele parecia pensativo. - Talvez...

Nesse momento, Carl estava falando com alguém pelo rádio e Luccas analisava o local com certo grau de minuciosidade. O celular de Jason tocou uma música leve, em total desacordo com o clima pesado que pairava no lugar.

[Não haviam dutos nem passagens?]

Num gesto rápido, mas um tanto quanto desengonçado, Jason atende o celular sem sequer tomar nota de quem estava ligando.

- Alô?

[Não, não havima... Esqueçi de falar, na hora]

- Jason, é você? Aqui é a Luana... - A voz do outro lado era, ralmente a de Luana. Jason notou um certo desconcerto e medo na voz da moça.

- Luana? Oi! Olha, eu não estou podendo falar agora - Jason olhava assustado para os lados, tinha receio de ser atacado de surpresa - Aconteceu alguma coisa?

- Estou ouvindo gritos da escola! Tem gente berrando como se tivesse sendo estripada! - A voz da moça tremia. Muito. - Eu tô com medo, Jason. Muito medo. A escola é aqui do lado! E se.. e se...

- Gritos na escola!? - a cabeça de Jason rodopiou. Por sua mente passaram pensamentos tão rápidos que ele não conseguiu pescar nenhum.

Tateando o ar, o jornalista procurou chamar a atenção de Keith.

- Você tem ouvido gritos vindos de uma escola perto de sua casa e parece que tem gente sendo morta?

Os olhos do rapaz indagaram o policial. Seria possível? Seria possível que aquele horror estivesse criando focos em outros lugares?

- Luana! Preste a atenção: haja o que houve, não saia de casa. Ouviu bem? Não saia de casa e a tranque muito bem. A polícia já deve estar indo para aí, e eu chegarei em breve também.

[Obs: gritos na escola? Mas não está de madrugada? rsrs]

- Na escola!? É para lá que foram evacuados todos do hospital! Vamos, temos que ver oque há! - Keith parecia muito preocupado.

Carl e Luccas se entreolharam.

- Mas e o homem de terno? - Ele indagaram, confusos.

- Deixem-no! Podem ter pessoas precisando de nós! - Ele saiu em disparada novamente. Fazia algum tempo que parecia que ele estava brincando com Jason, por este não ser muito do tipo atlético.

Os outros dois subordinados correram atrás de seu chefe.

- Luana, estou aqui com o Keith e outros policiais... - arfava, ao invés de falar, enquanto corria - ... estamos indo para aí! Faça o que eu disse. Tranque tudo!

O jornalista tentava acompanhar o ritmo acelerado dos militares treinados.

Jason morria para conseguir, por pouco, acompanhar a velocidade dos policiais, mas conseguia.

Chegaram, depois de descer todos os lance de escadaria, até o térreo. Jason notou, de canto de olho, que aquele médico que estava algemado não estava mais lá. Os outros pareceram não ter percebido.

- Vamos, Jason! Sei que está cansado, mas corra! Temos que ir rápido!

Já fora do prédio, eles atravessaram a barreira humana formada pelos policiais e correram para as viaturas.

- Jason, você vai comigo. Entre aí. - Keith estava muito sério, apressado. - Pegue este rádio, diga que é Keith Saunders e quer saber se a central sabe de algo que está acontecendo na escola. a frequência já está ajustada.

O homem entregou um rádio, fixo da viatura, na mão de Jason, enquanto dava a partida no carro.

- Policial Keith Saunders chamando a Central. Policial Keith Saunders chamando a Central. Central copia? Câmbio.

Quando a Central desse alguma resposta, Jason, no papel do policial Keith, continuaria:

- Recebi um chamado urgente na Escola de New Crow, para onde foram levados os feridos do Hospital da Alma Sacra. Procede, Central? O que está acontecendo lá? Câmbio.

Uma voz meio feminina respondeu do outro lado:

- Centra da polícia aqui. Parece que há um ataque ocorrendo na escola. O delegado de New Crow já está no local, e ele está ajudando a conter. Sua ajuda será bem-vnida, Ketih, chega lá o mais rápido possível. Câmbio, desligo.

Depois de basicamente "cuspir" a mensagem no ouvido de Jason, a mulher desligou o rádio apressada.

- Gustav está lá, deve ser sério. Vamos nos apressar. - Ketih acelerava o carro como um louco. - Vamos chegar lá un uns cinco minutos, nesse ritmo.

Olhando pela janela, Jason conseguia ver que Carl e Luccas acompanhavam com sua viatura, na mesma velocidade acelerada.

[Quer fazer alguma coisa? Senão, já prossigo.]

[Sim, informo à Keith que acho que um dos dois policiais (do carro de trás) está condenado, pois vi com feridas pelo corpo. E também pergunto se ele sabe que tipo de chave é aquela que eu encontrei.]

- Errado. Carl é um homem treinado. Ele não irá morrer, o dano foi superficial, e, se ele for esperto como acho que é, já deve ter aplicado um curativo. - Ele demonstrava confiaça total nos subordinados.

Jason mostra as chaves que encontrou para o policial.

- Esse emblema! - O homem arregalou os olhos. - Onde conseguiu isso? Esse emblema é da ex-família nobre da região, os Frederik. Você deve ter ouvido falar deles alguma vez, morando aqui.

De fato, o jornalista de recordava de por várias vezes ter ouvido falar daquela família. A ilustre família Frederik fora rica e poderosa na região por séculos, e foi a principal fundadora da criação da cidade de New crow, possibilitando ela a ser oque é hoje. Havia anos, na verdade, que não se ouvia mais falar deles, depois que se envolveram num escândalo com um suposto mafioso de outra cidade.

Jason viu uma grande placa escura sobre um portão de ferro, ao longe. conseguiu distinguir, com a ajuda da luz que uma ambulância estacionada na frente do portão fornecia, as palavras escola primária. Keith parou o veículo logo atrás da ambulância, e Carl e Luccas logo atrás de sua viatura.

Vocês desceram do carro. Havia grande comoção lá dentro. Muitos gritos. Tiros.

A máquina já atirava vários flashs em direção à escola, enquanto Jason entrava pelo pátio de ligação. Displicente, o jornalista avançava velozmente em direção aos gritos, acompanhando a ação de Keith e os outros.

Ao pisar pelo portão, Jason viu grande volume de sangue no chão, além de vários corpos. Haviam muitas pessoas afastadas, aparentemente eram os pacientes evacuados do hospital. Num canto do pátio, razoavelmente longe da comoção, estava uma tenda que parecia ter sido levantada às pressas. Você não fazia idéia do que tinha lá dentro, mas parecia uma daquelas salas de cirurgia improvisadas que se via em alguns filmes.

No meio do mar de sangue e os corpos caídos, estava um policial. Ele segurava um pistola, apontada para o corpo de um médico no chão. ele estava cambalenate, suado, ofegante.

- Gustav! - Keith gritou, antes de correr até o policial. - Oque aconteceu aqui!?

Carl e Luccas estavam pasmos com a situação. Não conseguiam se mexer, olhavam em volta confusos.

- Ele... - a voz do homem ficou tão baixa que, provavelmente, só Keith conseguiu escutá-la.

[1 - O colégio fica perto da casa de Luana?
2 - Esqueci qual era a outra pergunta.]

- Meu Deus... - Jason levou uma das mãos à cabeça enquanto observava a desolação do lugar.

O jornalista se perguntava se a defesa nacional não havia, ainda, recebido uma notificação sobre aqueles acontecimentos. Parecia que aquele caos piorava cada vez mais e, como uma pandemia, se alastrava exponencialmente.

[1- A casa dela é a uma quadra do lugar, mais ou menos.
2- Esqueçi qual era a resposta.]

As pessoas em volta continuaram como estavam: quietas. com o tempo, elas pareciamficar um pouco menos tensas, conforme a adrenalina descia, mas continuavam apavoradas. Nenhuma delas ousava comentar sobre oque acabara de acontecer.

Jason viu Ketih sair e começar a falar com outras pessoas. notou também algum movimento de enfermeiros e médicos correndo de lá pra cá, tentando tratar dos feridos.

MUDEI A AÇÃO

Curioso, o jornalista se aproximou de uma das pessoas. Sabia que seu gravador ainda estava ligado, guardado em seu bolso, e, sendo assim, iniciaria entrevista.

- Olá senhor/senhora, eu sou Jason Miller, repórter o jornal de New Crow. Poderia lhe fazer algumas perguntas? - antes que a pessoa pudesse negar o pedido, o jornalista continuaria - O que você lembra do ocorrido?

Jason começa a entrevistar uma mulher que parece ser uma paciente.

- Ahn... - Ela parecia um pouco sem jeito, triste, um tanto desesperdada, talvez. - Eu não sei direito... O cara parecia ter morrido, sabe? Mas de repente ele se levantou, e começou a bater no pessoal, aí tinha sangue e tudo mais... Aí eu saí correndo. Quando resolvi virar, depois de um tempão, tinha um monte de gente morta e um policial atirando no cara...

Ela não parecia bater muito bem da cabeça, mas Jason parecia ter conseguido falar com a garota num momento de lucidez.

O jornalista, apesar de buscar informações com os comuns, não deixara de prestar a atenção nos passos de Keith.

Aparentemente a situação estava sob-controle ali. Será que havia sido uma atitude inteligente ter saído do hospital e ter deixado o suspeito monstruoso solto?

Eu ando um pouco procurando saber mais sobre o que aconteceu, tirando fotos etc., e depois tentar entrar na escola.

Jason andou um pouco mais por aí, tirando fotos da situação do lugar, falando com algumas pessoas, mas ninguém podia dizer nada mais específico do que ele já sabia.

Ele tentou entrar na escola, mas a porta principal estava trancada. Parece que só cederam o pátio para os doentes. Oque na verdade, fora muito cruel. A noite estava muito fria, um vento gélido soprava. A maioria dos pacientes estavam dividindo alguns cobertores que o pessoal do hospital fora capaz de providenciar. a calma estava se instalando novamente no lugar. A tensão estava ficando inconsciente, as pessoas relaxavam.

O celular de Jason tocou de novo.

Jason viu o número que requisitava sua ateção e atendeu o telefone.

- Alô?

Para variar, quemo chamava não era Luana. Estavam ligando de sua casa.

- Alô? Filho? Eu vi uma reportagem aqui na tevê sobre um ataque no hospital! Eu vi você na tevê! Oque você estava fazendo lá!? Não sabe que era perigoso!? - Parecia que se ele não conseguisse acalmá-la, aquele sermão ia ir longe....

- Mãe! Mãe! Me escuta. Mãe!... porra... - Primeiro teria de ouvir o sermão para poder continuar a falar - Mãe, presta a atenção: está acontecendo algo muito estranho aqui em New Crow. Muito estranho mesmo. Parece que algum tipo de doença está afetando as pessoas e as deixando loucas. Olha, acho melhor a senhora ir fazer uma visita à tia Selene, em Greenfield... ouviu?