"Que dia do cão, hein?" (Jason Miller - Cap.1)

- Isso. Vai descansar, sim - disse num tom cordial - E, olha: meu celular estará comigo durante a noite toda. Se você se sentir mal, ou quiser conversar, eu estarei aqui, está bem? Na pior das hipóteses eu pego o carro e vou para aí.

As últimas palavras haviam soado amistosas, visivelmente impregnadas de discurso reconfortante.

- Boa noite, Luana. Fique com Deus.

Após os tremendo esforço para fazer com que a voz não parecesse cansada - como realmente estava -, Jason cambaleou pelo quarto escuro visando encontrar sua cama. Seus últimos passos antes de se entregar de vez ao sono, foi colocar seu celular para carregar ao lado da cabeceira de sua cama.

Jason teve um sonho um tanto assusstador. Estava dirigindo seu carro pelas ruas da cidade, com Luana no carro, ele tinha a impressão de que haviam outras pessoas com ele, mas não tinha certeza. Ele estava com pressa, corria com o carro, tem que chegar à autoestrada, de lá pode fugir para a cidade mais próxima. Quando ele chega à estrada, esta se encontra entupida de caarros. Parece que um monte de gente teve a mesam idéia, e alguma coisa frustou os planos deles. Também frustrara os dele. Nesse momento, Jason acordou de seu sono pelo toque de seu celular. Sua roupa estava bem encharcada de suor.

Pela claridade do aposento, podia-se ver que ainda estava de noite.

Fora um alívio surpreendente aquele que Jason teve ao acordar. O agorafóbico sonho havia o atordoado, deixando-o agitado ao ponto de suar horrores.

- Alô?? - disse com a voz fraca e ao mesmo tempo exaltada.

Por ainda ter a vista embaçada, nem se deu o trabalho de tentar enxergar o número da pessoa; mas suspeitava de alguma forma ser Luana a dona da ligação.

- Jason!? É você? - A voz do outro lado era, previsivelmente, de Luana. - Você viu? Olhe o noticiário! Rápido! É muito importante!

Ela parecia extremamente desesperada, muito embora ainda estivesse de madrugada.

Jason se sentou na beira da cama para pensar melhor. Entre uma frase e outra, os olhos do jornalista deram uma escapada para o relógio, a fim de ver que horas eram.

- Noticiário? Calma aí...

Ainda com a visão embaçada, Jason usou a luz do celular para afugentar a escuridão do quarto e procurar o controle remoto de sua TV. Ao achar, ligou imediatamente o aparelho, que se encontrava em uma estante perto da cama.

- Em qual emissora?

Seus dedos apertavam várias vezes o botão que permitia a mudança de canal, procurando por algum noticiário alarmante.

O display digital de seu relógio brilhava marcando meia-noite e vinte e sete. Isso significava simplesmente, que ele não dormira nem por duas horas inteiras direito.

Sonolento, ele foi mudando de canal, até encontrar uma reportangem assustadora.

"... noite, o Hospital da alma Sacra foi atacado por um psicopata. Vários doutores forma feridos., e os paciente foram evacuados para a escola primária da cidade. A polícia ainda se encontra no local, investigando, e receberemos mais informações sobre o caso conforme a polícia as libere. enquanto isso, podemos..."

- Esse não é o hospital para onde o... Kenny? - tentava se lembrar do nome do policial que havia encontrado mais cedo - ... levou o caminhoneiro ferido?

As mãos de Jason "enxuragaram" o rosto, tentando afastar o sono. Ele prestava a atenção no noticiário, que parecia ter muito a ver com o estranho caso que havia acontecido naquela tarde.

- Mas que porra... o que será que está acontecendo? - repentinamente, como que ativado por seu subconsciente, flashs sobre sua formatura vieram como um soco no estômago. Ele sabia que deveria estar lá caso ainda quisesse sonhar em ter um sonho.

Levantando-se de um salto, o jornalista começou a procurar suas roupas espalhadas pelo chão e cadeiras do quarto:

- Eu vou para lá ver o que está acontecendo, Lu.

Se for possível, quero me arrumar e ir em direção ao hospital.

O sono atrapalhava muito, mas, com todas suas forças, Jason o repeliu, e conseguiu se arrumar. Estava apresentável o suficiente para ir ver o que estava acontecia no hospital.

Sua mãe estava dormindo quando ele pegou o carro e rumou para o hospital.
Chegou lá em uns dez à quinze minutos, e se deparou com vários carros da polícia, além de dezenas de pessoas fazendo o mesmo que ele: vendo o que acontecia. os policiais haviam formado um perímetro em torno da porta, mantendo todos os curiosos fora.

Quando Jason tentou se aproximar para ver oque estava acontecendo, foi barrado por um policial com um cacetete.

- Me desculpe, senhor, mas não pode passar por aqui. - Ele suspirou. - São ordens.

Diante do empurra-empurra, Jason se viu incapacitado de prosseguir quando chegou à barreira policial.

- Aaah qual é, chefe? Tardão, eu aqui ó, com sono, com fome, com saudades da minha esposa e dos meus filhos... trabalhando até a essa hora... - a câmera fotográfica, nesse momento, fora levantada até a altura dos olhos do guarda propositadamente. - Imagina aquele seu sargento escroto, agora deixe ele vinte vezes mais filho da puta... taí! Esse é meu chefe. Se eu não voltar para o editorial ao menos com uma foto descente, eu estou fodido, chefe.

Conseguindo extrair seu rosto mais de "trabalhador sofredor", Jason continuaria:

- Não vai dar nada para você, eu posso passar por ali... - com a cabeça, Jason apontaria um lugar menos vigiado da barreira - E se der merda, vai ser só comigo. Fechou?

[Sei que o teste é persuasão rs, mas não sei qual atributo é...
Se quiser, pode jogar por mim Zann.]

- Sinto muito, senhor, mas não posso deixá-lo passar. Eu sei que você pode se dar mal, mas fazer vista grossa pode acabar com a minha carreira também, se é que você me entende.

Contrariado e frustrado, Jason acata as ordens do policial sem mais discussões.

- Pode pelo menos me ajudar com informações? Como está o processo de investigações?

- Bom, não me disseram nada sobre revelar informações sobre a investigação, então... - O policial coçou um pouco a cabeça. - O problema é que... eu tô aqui na barreira, então eu não sei muito. Pelo que sei, um maluco invadiu uma reunião dos doutores do hospital e atacou alguns deles. A equipe ainda está investigando, disseram que vai demorar um pouco.

- Obrigado, policial - após agradecer, Jason passou a procurar algum lugar mais relevante em que pudesse estar.

Quero procurar uma posição melhor para tirar fotos ou estar poder colher depoimentos.

Enquanto Jason andava de um lado para o outro, procurando uma posição ideal, ele viu um dos policiais brigando no rádio. O policial olhou ele no rosto, fez uma expressão de dúvida, e logo se aproximou-se desligando o rádio.

O repórter, mesmo sendo bom em lembrar a fisionomia das pessoas, só reconheceu o policial como sendo Keith, o homem que encontrara de manhã no posto, quando esse chegou bem perto.

- Jason? Veio fazer uma reportagem sobre o caso, é? - O homem parecia bem amigável, mesmo estando em trabalho.

- Policial Keith! - disse, em respeito à autoridade - Sim, sim! Escrevi uma matéria sobre aquilo que aconteceu de tarde, que será publicada amanhã. Você nem imagina as bizarrices que aconteceram.

Depois de um suspiro, e uma breve reflexão, Jason continuaria:

- Parece que estou começando a me especializar em matérias esquisitas - brincou sobre o caso do hospital e sorriu - Aliás, o caminhoneiro está bem? Soube que você o trouxe para cá.

- Ah - ele soltou um suspiro triste. - Ele... não aguentou. Faleceu no meio do caminho, dentro da ambulância. Mas vamos deixar isso de lado por enqunato, sim? Venha comigo, tens minha permissão para ver a cena do crime de perto.

Ele fez um sinal com a mão, para que Jason o seguisse., e foi andando pra dentro do hospital, passando pela barricada policial.

"Yeah!", Jason vibrou. Sem pensar duas vezes, seguiu o policial para dentro do hospital. Começaria a tirar fotos, mas tomando os devidos cuidados para não colocar Keith no foco da câmera.

- Ouvi de um amigo seu que um louco invadiu uma reunião dos figurões daqui. Parece que hoje a bruxa está a solta, hein?

- O pior, é que sim. Fui informado que hoje foi encontrado um jovem morto - perdeu um braço e tinha grandes ferimentos no peiot - no meio da floresta. Acho que é a maior onde de crimes que temos em um bom tempo... Isso não é bom. - Ele repetiu o sinal com a mão, pedindo que Jason o seguisse. - Quero que não tire nenhuma foto disto, mas tenho um coisa para te mostrar. Vou te dizer que é uma cena forte. Quer ver?

Jason obedeceu as ordens e maneou a cabeça num gesto afirmativo.

- Sim! - estava quase certo de que Keith mostraria os corpos dos doutores assassinados.

Keith o levou pelos brancos corredores do hospital. Até que ele se aproximou de um corredor bloqueado por dois policiais.

- Estou passando, pessoal, abram caminho. Esse cara tá comigo. - Ele foi simplesmente passando, já que os oustros homens iam simplesmente saindo da frente. Keith parecia ter muita autoridade.

Você entraramm pelo espaço onde deveria haver uma porta. O problema, é que a mesma estava no chão, caída para o lado de fora da sala, como se a tivessem arrombado para sair. Lá dentro, Jason viu de primeira algumas grandes manchas de sangue no chão, e dois corpos de médicos mortos, ensanguentados, sendo analisados pela equipe de .

- Esses dois foram vítimas. - Keith apontou aos corpo no chão. Em seguida, virou-se para um dos cantos da sala, apontando para um corpo muito ensanguentado, amarrado e encolhido num canto. As roupoas que estavam vestidas no corpo estavam num estado hoirrível, amassadas, rasgadas. Exalava um cheiro horrrível. - Aquele ali parece ser o culpado que atacou os médicos.

Ele ficou olhando com um misto de ódio, confusão e medo para o corpo.

Jason, ao olhá-lo, sentiu certa familiaridade, como se conhecesse a pessoa que aquilo um dia fora.

Usando um lenço limpo para amenizar o cheiro de sangue, Jason entrou na sala somente para ficar perplexo diante da barbaridade que fora aquele crime.

- Jesus! - exclamou atônito.

Numa rápida passada de olhos, o jornalista - que era "especializado" em crimes - tentou identificar que tipos de ferimentos mataram aqueles dois médicos.

Spoiler:

Em seguida olhou em direção ao canto escuro apontado por Keith. A figura macabra que lá residia não lhe era estranha. "Seria Louis"? "Mark"? "Miranda"? "Afinal, quem é você?". Jason forçou a visão na direção do assassino tentando reconhecer quem era aquele.

Jason coneguiu identificar que um dos cadáveres dos médicos estava sem um grande pedaço de seu pescoço. Ele havia morrido por motivos óbvios, parte de sua traquéia fora arrancada, e várias de suas principais ártérias de ligação cérebro-coração haviam sido dilaceradas. Era uma cena realmente grotesca. Jason pensara isso, antes de olhar o outro corpo.

O outro médico tivera uma sorte muito pior. Faltava-lhe um pedaço enorme de sua batata da perna esquerde, além de pedaços faltando por seu corpo inteiro. Sua expressão quando morrera ficara até agora estampada em seu rosto. O horror era visível. A dor, imensa. Jason ficou com náuseas de observar os corpos. Também sentiu imensa tristeza ao ver a expressão do morto.

- E então, Jason? reconhece o criminoso...? - Keith estava simplesmente depressivo. Alguma coisa que ele não conseguia compreender, algo inquietante.

Jason observou, apertou os olhos, tentou com todas suas forças, mas não conseguiu reconhecer o morto. Atingiu-lhe como uma pedrada na nuca, o nome que Keith sussurou-lhe. Era verdade. Ele conseguia ver, nas roupas do homem, na fisionomia. Mas era impossível.

De maneira nenhuma, não fazia sentido, de forma alguma que o desfalecido James, ceminhoneiro assassinado à tarde daquele mesmo dia, tivesse atacado o hospital.

Inconscientemente, Jason deu dois passos em recuo.

- O camin... nhoneiro? - a expressão de Jason era de horror. Não horror à face deformada daquele homem que jazia num dos cantos do recinto, mas horror ao eco da voz de Keith.

O eco que dizia: "Ele... não aguentou. Faleceu no meio do caminho, dentro da ambulância.".

Um súbito arrepio percorreu todo o corpo do repórter que, por um instante, sentiu uma gargalhada subir pelo estômago.

- Você está fazendo confusão, policial! - disse energicamente, quase não ponderando o tom de voz - Você me disse que o James havia morrido à caminho do hospital!

Todo o pavor de Jason se resumia àquela cena: as declarações de Keith e a visão de uma coisa parecida com o caminhoneiro.

Keith não teve reação nenhuma. Ele levantou o braço, que tremia, em direção ao corpo.

- Vai pra perto. Olha.

Ele olhou para o chão. Suas pernas pareciam estar muito bambas.

Não importava. Era impossível. Mas era verdade. Entrara em negação, mas Jason sabia, sim, que se tratava de James. Mas não era possível!

- Tenho medo, repórter. Tenho medo. Mas tenho que descobrir como tudo isso é possível.